Von der Leyen promete "mentalidade de urgência" até relatório Draghi ser uma realidade
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, comprometeu-se esta terça-feira com uma "mentalidade de urgência" até que as propostas do relatório Draghi para tornar a União Europeia (UE) mais competitiva sejam tornadas realidade.
"A minha nova Comissão tomou posse há nove meses e a primeira iniciativa do novo mandato foi a nossa Bússola para a Competitividade, que traduz o relatório [Draghi] em políticas práticas. Depois, esforçámo-nos por correr na sua implementação. (...) Esta é a mentalidade de urgência que prometemos e manteremos implacavelmente o rumo até que tudo isso seja feito", referiu Ursula von der Leyen, numa conferência em Bruxelas sobre a implementação das recomendações do relatório Draghi.
PUB
Entre as medidas já implementadas nesse sentido, a líder do executivo comunitário destacou o investimento massivo em "gigafábricas" de inteligência artificial (IA) e a "maior onda de investimento em defesa" da história europeia, o novo enquadramento dos auxílios estatais, o plano de ação para garantir energia a preços acessíveis na UE, a União da Poupança e Investimentos, os "planos de ação personalizados" para a indústria automóvel, siderúrgica e química.
Mas, segundo Ursula von der Leyen, a UE deve concentrar-se "no impacto real no terreno". "A competitividade tem a ver com empregos. Trata-se de bons salários para as pessoas e bons lucros para as empresas. É sobre o nosso modo de vida", afirmou, dizendo que é preciso dar resposta aos três grandes desafios identificados pelo banqueiro italiano Mario Draghi: colmatar o fosso de inovação com os Estados Unidos e a China; um plano conjunto para a descarbonização e a competitividade; e reduzir as dependências externas da UE em áreas estratégicas.
PUB
No que toca à inovação, Ursula von der Leyen afirmou que, atualmente, a competição global pela liderança tecnológica está a ser "remodelada pela IA" e, nessa corrida, a UE assume uma posição dianteira face aos seus principais concorrentes diretos. "Esta nova corrida de IA apenas começou. A liderança global ainda está em jogo. E a Europa não é apenas um adversário, mas também um líder em muitos domínios que vão definir esta corrida", frisou, dando como exemplo os "supercomputadores" produzidos na UE. "Desta vez, a Europa não está em catch-up. Estamos entre os pioneiros".
Ainda assim, defendeu que a UE deve focar-se nos seus "pontos fortes" e colocar a infraestrutura digital ao serviço da indústria e das empresas inovadoras. "Claro que o resto do mundo está a correr também. Os investimentos mundiais estão a disparar. Por isso, devemos manter o foco e colocar as mãos no volante. Esta não é uma missão ‘cumprida'. Esta é a missão da próxima década de fazer da Europa um dos principais continentes da IA".
PUB
Para criar um "círculo virtuoso" onde o investimento alimente a inovação e a inovação atraia mais investimento – como propõe Mario Draghi no relatório –, Ursula von der Leyen reiterou que será criado um novo Fundo para a Competitividade, que será "a peça central do próximo orçamento europeu" e terá "um poder de fogo proposto de mais de 400 mil milhões de euros". "Este é o impulso ao investimento de que a Europa necessita e agora o Parlamento e o Conselho têm de ser convencidos", disse.
Sobre o plano para a descarbonização europeia que é também uma prioridade no relatório Draghi, a presidente da Comissão Europeia reconheceu que a UE está "demasiado dependente de combustíveis fósseis importados", mas sublinhou que os Estados-membros estão apostados em aumentar a produção de energia local, através de fontes renováveis, "com a energia nuclear como carga de base". "Isto dá-nos segurança e independência energética", referiu, destacando que, no primeiro semestre deste ano, a energia eólica europeia "atingiu um máximo histórico" e a UE está a cortar os prazos de licenciamento de novos projetos.
PUB
Já em relação às dependências estratégicas europeias, Ursula von der Leyen reiterou que a aposta da UE está na diversificação. E relembrou que a Comissão Europeia tem estado a fechar novos acordos comerciais, com o Mercosul, México e Suíça, e que conta até ao final deste ano fechar um acordo também com a Índia. Além disso, elencou os esforços que estão a ser feitos na UE para mobilizar investimentos em defesa europeia, na proteção de matérias-primas críticas e na economia circular.
"Estou absolutamente convencida de que a Europa pode unir-se em torno desta agenda [para a competitividade]. Todos os Estados-membros aprovaram o relatório Draghi e o Parlamento Europeu também. Todos sabemos o que precisa ser feito. É isso que os cidadãos europeus esperam de nós. Eles esperam que a nossa democracia decida, aja e cumpra", enfatizou, afirmando estar confiante de que a Europa irá conseguir dada a sua "ambição, unidade e urgência".
PUB
Um ano depois da publicação do relatório Draghi, só uma em cada 10 medidas propostas por Mario Draghi para aumentar a competitividade económica da UE foram adotadas, segundo dados do Conselho Europeu para a Inovação Política (EPIC, na sigla inglesa). Do total de 383 recomendações apresentadas no relatório, apenas 11,2% (43 medidas) foram totalmente cumpridas.
Saber mais sobre...
Saber mais Mercado da energia Energia e recursos Investimentos Energia nuclear União Europeia Mario Draghi Ursula von der Leyen China México Bruxelas Estados UnidosMais lidas
O Negócios recomenda