UTAO: Despesa com juros está a cair mais depressa do que o previsto
A despesa com os juros da dívida pública em Portugal continua a baixar e a um ritmo mais elevado do que o Governo esperava. A redução da factura com juros já ajudou a diminuir o défice orçamental no ano passado, o que deverá voltar a acontecer este ano. No início de 2018 este foi um dos factores que conteve o crescimento da despesa, que foi mais do que compensada pela subida da receita, principalmente a dos impostos.
PUB
"A despesa com juros evidenciou uma queda de 7,2% no 1.º trimestre, mais acentuada do que a redução de 5,2% projectada no Programa de Estabilidade (PE) 2018-22", escrevem os técnicos da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) numa análise à execução orçamental em contabilidade nacional - a que importa a Bruxelas - dos primeiros três meses do ano. Ou seja, em termos simples, a factura que Portugal paga pelos empréstimos que tem está a diminuir mais do que o previsto pelo Ministério das Finanças.
Isto acontece porque houve uma diminuição da taxa de juro implícita da dívida pública no primeiro trimestre deste ano (ver gráfico). Face ao 1.º trimestre de 2017, a taxa de juro implícita reduziu-se em 0,3 pontos percentuais para os 3%. Este alívio está a permitir colher mais poupanças orçamentais.
PUB
Também a receia está aquém, mas mais perto do objectivo. "O aumento da receita em 3,2% no 1.º trimestre ficou abaixo do crescimento de 4,1% projectado para o conjunto do ano no PE/2018-22", refere a UTAO, explicando que esse aumento representa "cerca de 17% do acréscimo total da receita previsto para 2018". Para este desempenho contribuiu a receita fiscal onde se destacou o IVA com a subida homóloga de 8,2% no primeiro trimestre.
PUB
De acordo com os dados avançados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o défice do primeiro trimestre fixou-se em 0,9%.
Investimento "bastante aquém" também em contabilidade nacional
PUB
A análise da UTAO aos números da execução orçamental em contabilidade nacional - na óptica de compromisso, a que interessa a Bruxelas - revelam que, tal como mostram os números em contabilidade pública até Maio, o ritmo de execução do investimento público está lento.
"A FBCF [Formação Bruta de Capital Fixo] registou um crescimento de 9,8%, bastante aquém do crescimento de 32,7% projectado no PE/2018-22", alertam os técnicos do Parlamento. Segundo as contas da UTAO, o investimento público no primeiro trimestre foi de 666 milhões de euros, apenas mais 59 milhões de euros face ao mesmo período do ano passado.
PUB
Segundo a análise dos técnicos, "o aumento das despesas de investimento concentrou-se sobretudo ao nível da administração regional e local, onde a FBCF aumentou 15,2%". Os números em contabilidade pública até Maio mostram a mesma tendência.
Saber mais sobre...
Saber mais juros despesa dívida IGCP dívida pública défice administrações públicasQuem pediu o euro digital?
Mais lidas
O Negócios recomenda