Portugal vai a eleições "sem progressos" no combate à corrupção
A subida de um ponto no Índice de Perceção da Corrupção (CPI na sigla inglesa) relativo a 2018, onde obtém um resultado de 64 pontos, não foi suficiente para melhorar a posição relativa de Portugal face ao ano anterior e puxá-lo para a média da Europa Ocidental. Pelo contrário: o país recuou uma posição nesta lista com 180 países, caindo para a 30.º posto.
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Abaixo das Seicheles e das Bahamas; imediatamente acima do Brunei e de Taiwan. É este o lugar do setor público português na mais recente edição deste estudo anual realizado desde 1995 pela organização anticorrupção Transparência Internacional, divulgado esta terça-feira, 29 de janeiro. A escala oscila entre zero (altamente corrupto) e 100 pontos (altamente íntegro), resultante de 13 indicadores e avaliações de peritos em cada país.
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O líder da Transparência e Integridade (TI-PT), a associação que representa em Portugal esta ONG com sede na Alemanha, destacou que "desde 2012 que Portugal está parado a meio da tabela europeia, sem progressos reconhecíveis no combate à corrupção". Assinala que "a política vigente continua a ser a de tentar mascarar a realidade, em vez de enfrentá-la", culpando todos os quadrantes políticos com responsabilidades governativas nos últimos anos.
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"A acumulação de escândalos de falta de ética na vida pública, a inoperância de uma Comissão para a Transparência no Parlamento que em três anos ainda não produziu resultados ou as tentativas de controlo político sobre os Conselhos Superiores da Magistratura e do Ministério Público são a tradução prática de uma falta de vontade política que é evidente e reconhecida pelos observadores externos que compõem este índice", resumiu João Paulo Batalha, citado numa nota de imprensa divulgada pela instituição.
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E no arranque de um ano com três eleições e que pode abrir um novo ciclo político em Portugal, o responsável da TI-PT alertou que o país "não será imune à degradação das democracias que se verifica a nível global se não agir para preservar as suas instituições". "É crucial que o combate à corrupção esteja no centro da discussão pública e que todos os candidatos às eleições europeias, regionais da Madeira e legislativas se comprometam com reformas claras e específicas de combate à corrupção", acrescentou.
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Liderança nórdica e nova "luz verde" em Angola
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No ranking de 2018, a Dinamarca consegue tomar a dianteira da perceção da transparência (IPC 88), aproveitando a descida de dois pontos da Nova Zelândia, que ocupa agora a segunda posição com 87 pontos. Somália, Sudão do Sul e Síria ocupam o fundo de uma tabela que regista uma média global de 43 pontos e em que dois terços dos países não chegam sequer a 50 pontos.
No restante universo lusófono, Cabo Verde (45.º) continua a ser o mais bem posicionado, mas o grande destaque vai para a queda de dois pontos e nove posições (para 105.º) do Brasil, num ano marcado pela eleição presidencial de Jair Bolsonaro, que assentou grande parte da vitoriosa campanha eleitoral precisamente no tema da corrupção.
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"A corrupção espalha-se muito mais facilmente onde as instituições democráticas são fracas e, como temos visto em vários países, onde políticos populistas e antidemocráticos a usam como tema para tirarem vantagem pessoal e política", salientou a presidente da TI, Delia Ferreira Rubio, evidenciando "uma relação clara entre a qualidade da democracia e a capacidade de combater com sucesso a corrupção no setor público".
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E depois de ter deixado a "lanterna vermelha" da língua portuguesa à Guiné-Bissau no ano em que João Lourenço sucedeu a José Eduardo dos Santos no poder em Luanda, Angola voltou a melhorar duas posições neste estudo (165.º), ainda que a pontuação seja a mesma (IPC 19). Em sentido inverso, Moçambique vê nesta última edição o "score" degradar-se de 25 para 23, conduzindo à perda relativa de cinco posições, para o 158.º posto.
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