Trump e Von der Leyen reúnem-se com prazo para tarifas em contagem decrescente

Resultado está em aberto, com o Presidente dos EUA a dar 50% de hipóteses de se chegar a um acordo com a União Europeia.
Trump vai reunir-se com Von der Leyen para discutir tarifas entre EUA e União Europeia.
Alastair Grant/AP
Negócios com Bloomberg 27 de Julho de 2025 às 10:17

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vai reunir-se com o Presidente Donald Trump este domingo numa tentativa de alcançar um acordo comercial antes do prazo limite de sexta-feira, altura em que entram em vigor tarifas de 30% sobre as exportações da União Europeia para os EUA.

As negociações, com início marcado para as 16:30 no resort de golfe em Turnberry, na Escócia, são de grande importância para von der Leyen. No entanto, após meses de negociações e intensa diplomacia, a concretização de um acordo depende, essencialmente, de Trump.

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"As negociações técnicas e políticas têm sido intensas", disse Paula Pinho, porta-voz da Presidente da Comissão. "Os líderes vão agora avaliar a situação e considerar a possibilidade de um resultado equilibrado que proporcione estabilidade e previsibilidade às empresas e aos consumidores de ambos os lados do Atlântico”, acrescentou.

A UE e os EUA têm vindo a aproximar-se de um acordo que sujeitaria a maior parte do comércio europeu com os EUA a tarifas de 15%. São esperadas isenções limitadas para os setores da aviação, alguns dispositivos médicos e medicamentos genéricos, várias bebidas espirituosas, e um conjunto específico de equipamentos industriais de que os EUA necessitam, segundo informações anteriormente avançadas pela Bloomberg.

As importações de aço e alumínio deverão beneficiar de um sistema de quotas segundo as propostas em discussão, mas, acima desse limite, enfrentariam uma tarifa agravada de 50%.

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Além da tarifa universal, Trump já impôs uma taxa de 25% sobre veículos e peças automóveis, e o dobro sobre o aço e o alumínio. Também ameaçou aplicar novas tarifas sobre produtos farmacêuticos e semicondutores já no próximo mês, tendo recentemente anunciado uma tarifa de 50% sobre o cobre.

A UE espera que se mantenha o tecto de 15% também para alguns setores que poderão ser alvo de futuras tarifas, incluindo o farmacêutico, segundo fontes próximas das negociações. No entanto, este é um dos pontos-chave que dependerão da posição final de Trump, acrescentaram as mesmas fontes.

"Vamos ver se conseguimos um acordo", disse Trump à chegada à Escócia na sexta-feira. "A Ursula vai estar aqui, uma mulher altamente respeitada. Portanto, estamos ansiosos por isso."

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Trump reiterou a sua convicção de que existe uma "probabilidade de 50%" de alcançar um acordo com a UE, dizendo que há entraves em "talvez 20 pontos diferentes" que não quis divulgar publicamente.

O Presidente dos EUA anunciou tarifas sobre praticamente todos os seus parceiros comerciais em abril, afirmando querer revitalizar a indústria nacional, financiar uma extensão massiva dos cortes fiscais, e impedir que o resto do mundo — nas suas palavras — continue a aproveitar-se dos EUA.

Para além das tarifas, qualquer acordo incluiria medidas não tarifárias, cooperação em matérias de segurança económica e compras estratégicas por parte da UE em setores como a energia e os chips de inteligência artificial, segundo relatórios anteriores da Bloomberg. O bloco também ofereceu a eliminação de tarifas sobre muitos bens industriais e produtos agrícolas não sensíveis.

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Os termos de um eventual acordo inicial, que provavelmente assumirá a forma de uma curta declaração conjunta se for alcançado, terão de ser aprovados pelos Estados-membros, segundo algumas fontes. Essa declaração seria vista como um ponto de partida para negociações mais detalhadas.

Devido à incerteza contínua, a UE tem, em paralelo, delineado medidas de retaliação para o caso de um cenário sem acordo. Isso incluiria a aplicação de tarifas até 30% sobre cerca de 100 mil milhões de euros de exportações americanas — incluindo aviões da Boeing, automóveis fabricados nos EUA e whiskey bourbon — caso não se chegue a acordo ou se Trump avançar com a ameaça de aplicar essa taxa à maioria das exportações do bloco a partir de 1 de agosto ou futuramente.

Na ausência de acordo, o bloco também está preparado para avançar com o seu instrumento anti-coerção, uma ferramenta que permitiria eventualmente atacar outras áreas como o acesso ao mercado europeu, os serviços e as restrições a contratos públicos, desde que a maioria dos Estados-membros aprove a sua utilização.

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