2003: Das Lajes saiu o rastilho de uma guerra que nunca terminou
Na tarde de 16 de Março de 2003 Durão Barroso, então primeiro-ministro de Portugal, estendia a mão a três visitantes ilustres: George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, Tony Blair, primeiro-ministro do Reino Unido, e José Maria Aznar, líder do governo espanhol. Numa ilha no meio do Atlântico, em território português, aquela estava longe se ser apenas mais uma reunião. Quatro dias depois, na madrugada de dia 20, iniciar-se-ía a intervenção no Iraque e a Cimeira das Lajes, como ficaria conhecida, marcou o início de uma guerra que, ainda que com mudanças nos interveniente, se mantém até hoje.
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Na conferência de imprensa que os líderes deram no final do encontro, George W. Bush anunciou: "Ou o Iraque se desarma ou é desarmado pela força." Vingou a tese da força, mas a teoria de Bush, de que Saddam Hussein, o líder iraquiano, teria escondidas armas de destruição maciça nunca se confirmaria. Pelo contrário, aliás, como acabariam por reconhecer, anos mais tarde, os vários participantes na Cimeira das Lajes.
Saddam foi capturado e condenado à morte por um tribunal iraquiano e milhares de militares e civis morreram ou ficaram feridos. Os americanos, que lideraram a intervenção, ficaram até 2011, mas nunca conseguiram instaurar no país um verdadeiro regime democrático. O Iraque debateu-se com uma guerra civil entre sunitas e xiitas e luta agora contra grupos jihadistas radicais. Os iraquianos, esses, continuam a fugir das suas casas, engrossando as fileiras de refugiados que chegam à Europa e chorando as centenas de milhares de mortos desde a intervenção militar decidida nas Lajes e à qual Portugal ficaria irremediavelmente ligado.
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Na ilha Terceira, nos Açores, já pouco resta da Base das Lajes, controlada durante anos pelos americanos, no âmbito de um protocolo com o Estado português. Também já nenhum dos quatro líderes que se reuniram na cimeira de 2003 se mantém na política activa. No Iraque, no entanto, a guerra continua. Ainda.
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