Lagarde diz adeus ao FMI a 12 de setembro. Deverá entrar no BCE a 1 de novembro

A diretora-geral do FMI vai abandonar oficialmente o FMI a 12 de setembro. A francesa está prestes a suceder Draghi cujo mandato à frente do BCE termina a 31 de outubro.
Christine Lagarde
Reuters
Tiago Varzim 16 de Julho de 2019 às 16:41

A atual diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, entregou a sua demissão à comissão executiva do FMI com efeito prático a 12 de setembro. Essa é a data em que deverá ser ouvida no Parlamento Europeu, um dos últimos passos até chegar a Frankfurt, à sede do Banco Central Europeu (BCE), a 1 de novembro, substituindo o atual presidente, Mario Draghi.

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Apesar de continuar no FMI até setembro, mantém-se a renúncia às responsabilidades enquanto diretora-geral que foram assumidas por David Lipton, o seu número dois, desde que Lagarde aceitou a nomeação feita pelo Conselho Europeu, órgão que reúne os chefes de Estados dos 28 países da União Europeia e que tem a palavra decisiva (e final) na nomeação do presidente do BCE. 

"Com maior clarificação agora no processo da minha nomeação para presidente do BCE e do tempo que demorará, eu tomei esta decisão no melhor interesse do Fundo uma vez que assim irá agilizar o processo de seleção do meu sucessor", explica a francesa em comunicado enviado às redações esta terça-feira, 16 de julho. Após ter sido a primeira mulher a liderar o FMI, Christine Lagarde será a primeira mulher à frente do BCE.

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Em reação, a comissão executiva aceitou a demissão e elogiou-a, afirmando que com a "orientação" de Lagarde, o FMI ajudou os seus membros a navegar um "complexo e sem precedente conjunto de desafios, incluindo o impacto da crise financeira mundial e as suas réplicas". 

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Today I informed the #IMF Board that I will resign as Managing Director of the International Monetary Fund, effective September 12. It has been a privilege to serve our 189 member countries with the devoted staff of this institution. https://t.co/WLso6ydrTE

"Não há uma altura certa para sair"

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Na carta de despedida do FMI, Christine Lagarde admite que "não há uma altura certa para sair", referindo que abandona o cargo com "muitas emoções mistas". O seu mandato, que foi renovado em 2016, só iria terminar em 2021.

Por fazer fica trabalho "desafiante", nomeadamente a garantia de que os países chegam a acordo sobre as quotas financeiras que permitirão ao FMI ter capacidade financeira para implementar programas de assistência financeira aos países com problemas na balança de pagamentos (desequilíbrios externos), como foi o caso de Portugal em 2011. 

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Apesar disso, a ex-ministra das Finanças francesa faz um balanço positivo do seu mandato de oito anos à frente do Fundo. "Estou muito orgulhosa do trabalho que conseguimos fazer em conjunto", escreveu, referindo-se à comissão executiva. Admitindo que houve "divisões" de opinião, Lagarde elogiou a forma como as discussões foram "civilizadas e respeitadoras" com um elevado grau de "excelência" técnica. 

Na despedida, Christine Lagarde diz ter a "consolação" de que verá a equipa do FMI duas vezes por ano, pelo menos, nos encontros anuais e nos de primavera que juntam as principais figuras do mundo financeiro, incluindo o presidente do BCE e os representantes do FMI. 

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De olhos no futuro, a francesa diz que, tal como o FMI, o BCE é uma instituição com "excelência intelectual, integridade na pesquisa e análise, independência e um elevado compromisso com o serviço público". O seu foco será agora "mais europeu, aprofundado nos assuntos relacionados com a política monetária e a estabilidade financeira". "Irei aprender nessa aventura com eles [a equipa do BCE] como aprendi nesta aventura convosco", rematou.

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