Putin disse não a Erdogan mas falou com Obama
Vladimir Putin rejeitou reunir-se com Recep Tayyip Erdogan, segundo confirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Depois de na semana passada a força aérea turca ter abatido um avião militar russo, o presidente turco pretendia aproveitar a presença do presidente russo em Paris, onde decorre a Cimeira do Clima, para conversar com Putin tendo em vista o desanuviar da tensão entre os dois países. "Não está planeado qualquer encontro com Erdogan", esclareceu Peskov. Confirmando-se assim que as "sérias consequências" a que Putin aludiu na sequência do incidente militar, entretanto já consubstanciadas ao nível económico, poderão prolongar-se no tempo.
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No sábado Putin validou um decreto que impõe uma série de sanções económicas à Turquia: embargo bens primários; proibição da renovação de contractos de trabalho de turcos na Rússia, com efeitos a 1 de Janeiro de 2016; fim dos voos charter entre os dois países; proibição da venda de pacotes de viagens para a Turquia; readopção de vistos obrigatórios nas viagens entre os dois países; reforço do controlo às operadoras aéreas turcas na Rússia por "razões de segurança".
Entretanto a Bloomberg avançou, citando fonte próxima do ministério russo da Agricultura, quais os bens primários alvo do embargo russo: fruta, carne e lacticínios. As importações de bens agrícolas turcos representam uma fatia importante das exportações turcas, designadamente desde que a Rússia impôs restrições à importação de bens primários da União Europeia, na sequência da crise na Ucrânia.
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Presidente da Rússia
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Putin e Obama querem "solução política" para Síria
Apesar de ter dito não ao pedido de Erdogan, Putin acabou por se reunir, à margem da Cimeira de Paris, com o homólogo norte-americano, Barack Obama. Segundo Peskov, durante a conversa de 30 minutos entre os dois líderes, Obama "expressou pesar em relação ao incidente com o avião russo". Além disso, Obama e Putin concordaram sobre a premência de se encontrar uma "solução política" para a Síria.
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Putin foi mais longe ao revelar que "chegámos a um entendimento sobre como devemos proceder quando falarmos sobre um acordo político. Precisamos de uma nova Constituição [síria], novas eleições e monitorizar o resultado das mesmas". Fica a dúvida sobre se Putin estará a abrir a porta a uma transição de regime que não passe pela continuação do presidente sírio, Bashar al-Assad, no poder.
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