"Critério verde" do BoE para compra de ativos em risco de falhar metas
O ambicioso programa de compra de dívida verde do Banco de Inglaterra poderá ter apenas "um impacto discreto" no corte das emissões de gases poluentes. A conclusão é de um estudo da New Economics Foundation, que alerta que o programa britânico de compra das "green bonds" pode deixar de fora empresas ambientalmente responsáveis.
O programa de financiamento verde do Reino Unido foi anunciado com pompa e circunstância pelo Tesouro britânico e, na sua primeira emissão de obrigações em setembro, gerou uma procura recorde de 100 mil milhões de euros. Face ao sucesso da iniciativa, o Banco de Inglaterra anunciou, em novembro, um critério "verde" para a compra de ativos para estimular a economia, tendo sido o primeiro banco central a fazê-lo.
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No entanto, o estudo agora publicado pela New Economics Foundation revela que, embora a introdução do "critério verde" na compra de ativos tenha dado uma "inclinação verde" ao programa de estímulos (o chamado "quantitative easing") do Banco de Inglaterra, o impacto da medida na descarbonização da economia deverá ficar "muito aquém do que é preciso" para manter o aquecimento global abaixo de 2ºC. Os autores do estudo alertam que o banco central britânico está a "comprar títulos exatamente das mesmas indústrias de antes" e que, paradoxalmente, em algumas situações, as empresas mais poluentes acabam por receber um tratamento mais favorável do que as empresas amigas do ambiente, devido ao seu "desempenho" no setor. A título de exemplo, a New Economics Foundation indica que o Banco de Inglaterra compra mais rapidamente títulos da gigante petrolífera BP, por ser vista nos mercados como um "forte executor das metas climáticas", enquanto corta na compra de obrigações da Suez, dedicada ao tratamento de águas e resíduos, que tem um peso inferior no setor. Resultados aquém do previsto pelo BoE O estudo indica ainda que, com base nos planos atuais do Banco de Inglaterra, a intensidade média ponderada de carbono no portfólio do Banco de Inglaterra deverá cair 7% este ano, um valor que fica "muito longe" da meta de 25% que o banco central estabeleceu para 2025. "A emergência climática não pode ser tratada apenas com políticas económicas que mexem simplesmente à superfície", argumentam os autores do estudo, sublinhando que, com este incentivo do Banco de Inglaterra, serão poucas as empresas a focar-se em atingir emissões líquidas zero até 2050.
Os autores do estudo alertam que o banco central britânico está a "comprar títulos exatamente das mesmas indústrias de antes" e que, paradoxalmente, em algumas situações, as empresas mais poluentes acabam por receber um tratamento mais favorável do que as empresas amigas do ambiente, devido ao seu "desempenho" no setor.
A título de exemplo, a New Economics Foundation indica que o Banco de Inglaterra compra mais rapidamente títulos da gigante petrolífera BP, por ser vista nos mercados como um "forte executor das metas climáticas", enquanto corta na compra de obrigações da Suez, dedicada ao tratamento de águas e resíduos, que tem um peso inferior no setor.
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Resultados aquém do previsto pelo BoE
O estudo indica ainda que, com base nos planos atuais do Banco de Inglaterra, a intensidade média ponderada de carbono no portfólio do Banco de Inglaterra deverá cair 7% este ano, um valor que fica "muito longe" da meta de 25% que o banco central estabeleceu para 2025.
"A emergência climática não pode ser tratada apenas com políticas económicas que mexem simplesmente à superfície", argumentam os autores do estudo, sublinhando que, com este incentivo do Banco de Inglaterra, serão poucas as empresas a focar-se em atingir emissões líquidas zero até 2050.
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