Fed deixa juros inalterados na última reunião do ano após três descidas em 2019
A Reserva Federal norte-americana decidiu manter os juros na última reunião de 2019, ano que ficou marcado pelas primeiras descidas dos juros desde a crise financeira.
Sem surpresas, a Reserva Federal norte-americana decidiu manter os juros diretores no intervalo entre 1,5% e 1,75%, patamar que tinha sido atingido em outubro com o terceiro corte de juros consecutivo. Esta era a decisão esperada pelos mercados.
Numa das últimas intervenções públicas, no final de novembro, o presidente da Fed, Jerome Powell, tinha dito que vê o "copo mais do que meio cheio" quando olha para a economia norte-americana, reforçando a ideia de que os juros diretores vão ficar inalterados por algum tempo.Os sinais dados no comunicado do comité de política monetária (FOMC) são claros na confirmação desse cenário. Desde logo, a Fed deixa cair a palavra "incertezas" quando se refere às perspetivas sobre o futuro face aos comunicados anteriores. Além disso, o quadro 'dot plot' (onde estão as previsões dos membros para as mexidas dos juros) apontam maioritariamente para a manutenção dos juros durante o próximo ano.
"O comité considera que a atual posição da política monetária é a apropriada para ajudar a sustentar a expansão da atividade económica, as condições fortes do mercado de trabalho e a aproximação da inflação do objetivo simétrico de 2%", lê-se no texto divulgado esta quarta-feira, 11 de dezembro, após a reunião de dois dias.
A Fed continua a referir que irá monitorizar as consequências dos dados económicos que venham a ser divulgados, em especial face à economia mundial e às pressões inflacionistas "silenciadas". A manutenção dos juros teve o apoio de todos os membros do comité com poder de voto, o que acontece pela primeira vez desde maio.
A estimativa média dos membros do comité aponta para os juros diretores nos 1,6% no final de 2020, 1,9% em 2021 e 2,1% em 2022. Entre os 17 membros, 13 consideram que os juros vão manter-se no mesmo nível durante o próximo ano, sendo que apenas quatro antecipam uma subida como apropriada em 2020.
A confirmarem-se estas previsões dos membros do comité, os juros diretores vão ficar inalterados durante o ano eleitoral, dado que em novembro de 2020 se realizam as eleições presidenciais. Porém, no início do mandato do próximo presidente é expectável que haja subidas dos juros.
Fed mantém previsão para PIB e inflação
Quanto às projeções económicas, também aqui não há mudanças drásticas. A Fed prevê que a taxa de desemprego se mantenha nos 3,5% até ao final do próximo ano, baixando a previsão da taxa de desemprego de longo prazo (natural) para os 4,1%, menos do que os 4,2% estimados em setembro.
Já o PIB deverá crescer 2% no próximo ano, travando para 1,9% em 2021, tal como nas previsões de setembro. O mesmo para a inflação, que deverá atingir a meta de 2% em 2021.
A Reserva Federal conta com o consumo privado para manter a expansão económica que já dura há 11 anos consecutivos. Com o mercado de trabalho a melhorar, tal como mostraram os últimos dados sobre o emprego em novembro, é expectável que a pressão para os salários subir pressione mais os preços nos próximos anos.
Caso se confirme esta trajetória dos indicadores económicos, a Fed consegue atingir o seu duplo mandato de estabilidade dos preços, através de uma inflação de 2%, e pleno emprego.
(Notícia atualizada às 19h28)
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