Foi preciso uma pandemia para fazer esquecer os incêndios de 2017

A pandemia de covid-19 trouxe as intenções de voto do PS para níveis de maioria absoluta que se registaram antes dos incêndios de 2017. Dois meses fizeram esquecer o que três anos não conseguiram.
Mário Cruz/Lusa
Manuel Esteves e Nuno Carregueiro 20 de Junho de 2020 às 10:00

A pandemia de covid-19 trouxe o PS de novo para níveis de maioria absoluta tal como acontecia antes dos trágicos incêndios de 2017 que deixaram um rasto de destruição e mataram 114 pessoas.

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No final da primavera e início de verão de há três anos, o PS parecia caminhar serenamente para a maioria absoluta. Com a economia em franca melhoria, o desemprego a baixar e os rendimentos lentamente a recuperarem, António Costa subia na consideração dos portugueses a olhos vistos.

Segundo as projeções feitas pela Aximage, empresa que trabalhava na altura com o Negócios e com o Correio da Manhã, entre abril e junho de 2017, as intenções de voto no PS estavam confortavelmente acima dos 40%. Em outubro, desciam para 42% e em dezembro batiam nos 40%. O PS passou o resto da primeira legislatura a sonhar em regressar a estes níveis mas ficou sempre bem longe dos 40%.

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Até abril deste ano, quando se passou exatamente o inverso. Desta vez a tragédia da pandemia de covid-19 puxou o PS para cima. Antes do surto chegar a Portugal, no início de março, a Intercampus colocava o PS bem longe da maioria absoluta, 31,4%. Em maio, já estava nos 40,3% e em junho permaneceu em 40%. As projeções da Intercampus indicam que neste período terá havido uma transferência de votos para o PS de partidos como o Bloco de Esquerda, Chega e PAN. O Bloco perdeu 5,5 pontos descendo para 9%, o Chega de André Ventura caiu quase dois pontos para 6,8% e o PAN mais de dois pontos para 3,6%.

Ganhos do PS na pandemia podem ter chegado ao fim

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Ganhos do PS na pandemia podem ter chegado ao fim

No entanto, este processo de transferência de votos parece ter chegado ao fim agora no mês de junho. O PS estabilizou (descendo uns insignificantes 0,3 pontos), o Bloco interrompeu a queda registando uma ligeira subida de 0,8 pontos, enquanto o Chega se manteve inalterado. Apenas o PAN deu ainda sinais de algum recuo eleitoral, com uma quebra de 0,6 pontos.

E o principal partido da oposição? O PSD tem vindo a reforçar as intenções de voto, subindo agora para 24,1%, mas ainda se encontra em níveis inferiores aos registados por Rui Rio até janeiro deste ano.

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Os dados relativos à imagem do primeiro-ministro e do Governo reforçam a ideia de que o processo de capitalização eleitoral verificado com a pandemia pode ter chegado ao fim em junho. Tanto a imagem de António Costa como a do seu Executivo recuaram ligeiramente em junho, depois de dois meses em que se aproximou do ultrapopular Presidente da República.

FICHA TÉCNICA

Objetivo: Sondagem realizada pela INTERCAMPUS para a CMTV/CM e Jornal de Negócios, com o objetivo de conhecer a opinião dos portugueses sobre diversos temas da política nacional, incluindo a intenção de voto em eleições legislativas. Universo: População portuguesa, com 18 e mais anos de idade, eleitoralmente recenseada, residente em Portugal Continental. Amostra: A amostra é constituída por 610 entrevistas, com a seguinte distribuição proporcional por Sexo (292 homens e 318 mulheres), por idade (133 entre os 18 e os 34 anos; 220 entre os 35 e os 54 anos; e 257 com mais de 55 anos) e região (230 no Norte, 144 no Centro, 165 em Lisboa, 45 no Alentejo e 26 no Algarve). Seleção da amostra: A seleção do lar fez-se através da geração aleatória de números de telefone fixo / móvel. No lar a seleção do respondente foi realizada através do método de quotas de género e idade (3 grupos). Foi elaborada uma matriz de quotas por Região (NUTSII), Género e Idade, com base nos dados do Recenseamento Eleitoral da População Portuguesa (31/12/2016) da Direção Geral da Administração Interna (DGAI). Recolha da Informação:

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A informação foi recolhida através de entrevista telefónica, em total privacidade, através do sistema CATI. O questionário foi elaborado pela INTERCAMPUS e posteriormente aprovado pelo cliente. A INTERCAMPUS conta com uma equipa de profissionais experimentados que conhecem e respeitam as normas de qualidade da empresa. Estiveram envolvidos 15 entrevistadores, devidamente treinados para o efeito, sob a supervisão dos técnicos responsáveis pelo estudo. Os trabalhos de campo decorreram entre 9 e 13 de junho.  Margem de Erro: O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de ± 4,0%. Taxa de Resposta: A taxa de resposta obtida neste estudo foi de: 62%.

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