Direita vai forjando alianças. À esquerda, PS afasta-as
Com a Iniciativa Liberal a posicionar-se cada vez mais para um acordo pós-eleitoral com a AD - e Montenegro a assumir que essa não é uma improbabilidade -, à esquerda, o líder socialista passa ao lado de propostas para uma nova geringonça. O PS tem é de vencer as eleições, defende.
Com a campanha a entrar na reta final e as sondagens a afastarem a hipótese de uma maioria absoluta, seja para a AD, seja para o PS, os partidos mais pequenos vão falando em alianças pós-eleitorais, já a pensar no futuro governo e na estabilidade que não houve na legislatura que agora termina.
Esta terça-feira foi Rui Tavares, do Livre, que trouxe o tema para a campanha. Não é a primeira vez que o faz - tem dito várias vezes que o partido tem a ambição e a capacidade de assumir cargos executivos - e desta vez acabou a criticar Pedro Nuno Santos por ter mais tática do que estratégia ao querer manter todas as opções em aberto e não dizer claramente o que quer fazer depois das eleições. Até porque, lembrou, "um governo minoritário na próxima legislatura, se não estiver assente num diálogo parlamentar que seja construtivo, pode muito rapidamente ser um governo em funções de gestão".
A esquerda não tem de falar a uma só voz, mas tem de ser pragmática e coordenar-se na altura de encontrar uma maioria de governação, sublinhou o porta-voz do Livre, que esteve em Aveiro, onde visitou o hospital e sublinhou que a reforma do SNS pode ficar, mais uma vez, por fazer.
Paulo Raimundo optou por desvalorizar os argumentos, dizendo que a CDU nunca falhou "às soluções concretas para a vida das pessoas" e criticando os que preferem andar a "fazer apelos uns aos outros". "A nossa história fala por nós. Nós alguma vez falhámos às soluções concretas para a vida das pessoas?", disse o líder comunista durante uma arruada em Benfica, em Lisboa.
Mariana Mortágua optou por discurso idêntico. Não se trata de ir para o Governo, trata-se de "dizer às pessoas o que é que vamos fazer" e é por isso "que estamos aqui", respondeu aos jornalistas, durante uma iniciativa na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, em Lisboa.
Mais tarde, Pedro Nuno Santos arrumaria a questão: "O que é importante é que nós já tivemos a oportunidade de trabalhar no passado e trabalhámos bem, mas neste momento o PS precisa de ganhar as eleições". O secretário-geral socialista tem, mais do que uma vez, apelado ao voto útil à esquerda em nome, também, da tão falada estabilidade governativa.
Já à direita, excluindo o Chega da equação, parece cada vez mais provável uma coligação entre AD e os liberais. "A IL é um partido de governação para mudar, com prioridades claras, os problemas que afetam o país", afirmou Rui Rocha esta terça-feira. Depois, interrogado sobre se isso significa que está a rejeitar um acordo de incidência parlamentar com a AD após as eleições legislativas, respondeu apenas: "Não estou a rejeitar, mas também não estou a incluir". Numa visita à Lisnave, em Setúbal, concretizou que será "muito exigente" quanto a questões programáticas mas também éticas em caso de acordo pós-eleitoral com a AD.
André Ventura, que pela primeira vez falou numa vitória da AD, preferiu recolher louros, antecipando que os eleitores darão uma "maioria absolutíssima" à direita, com o seu partido. Mas avisando, ainda assim, que se Luís Montenegro vencer, "não teremos estabilidade nos próximos meses em Portugal".
Já Montenegro andou dedicado às questões da agricultura e almoçou arroz em Benavente, com agricultores a quem prometeu a defesa do equilíbrio entre agricultura e ambiente. O que lhe valeu fortes críticas do PAN, que o acusou de "desconhecimento profundo da realidade" ao defender que os agricultores são os "maiores defensores do ambiente e animais".
Mais lidas