Rival chinesa da Nvidia dispara 400% em estreia na bolsa de Xangai
A Moore Threads foi criada por antigos funcionários da Nvidia, incluindo o anterior responsável pelas operações na China da gigante americana, Zhang Jianzhong.
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A fabricante chinesa de processadores Moore Threads protagonizou esta sexta-feira uma entrada triunfal na bolsa de Xangai, com as ações a dispararem mais de 400%, refletindo o entusiasmo gerado pela aposta da China nos chips de inteligência artificial (IA).
Fundada por um antigo diretor da norte-americana Nvidia na China, a empresa viu os títulos valorizarem cerca de 500% logo no arranque da sessão, subindo 424% a meio da sessão.
A oferta pública inicial permitiu à Moore Threads arrecadar cerca de oito mil milhões de yuan (943 milhões de euros), com uma procura superior em mais de quatro mil vezes à quantidade de ações disponíveis, segundo a agência de notícias financeiras Bloomberg.
A Moore Threads desenvolve processadores avançados usados para treinar e alimentar sistemas de IA, vistos como alternativa às sofisticadas unidades de processamento gráfico (GPU, na sigla em inglês) da norte-americana Nvidia, atualmente impedidas de entrar no mercado chinês devido a restrições impostas por Washington.
A Nvidia domina o mercado global de GPU, fundamentais para aplicações de IA, e a China – maior consumidora mundial de semicondutores – representa um mercado estratégico.
No entanto, os Estados Unidos proíbem desde 2022 a exportação para a China dos modelos mais avançados, alegando motivos de segurança nacional e receios de utilização militar por parte de Pequim.
Como resposta, as autoridades chinesas têm incentivado a substituição por soluções domésticas, forçando a saída da Nvidia do país.
"Esta entrada em bolsa tornou-se um barómetro da confiança nas ambições chinesas no campo dos chips de IA de nova geração", afirmou Dilin Wu, da corretora Pepperstone.
"Os investidores acreditam no potencial da China para desenvolver um GPU nacional competitivo, apesar dos constrangimentos globais de fornecimento – mas a euforia também mostra que muitos querem apenas ser os primeiros a lucrar com um possível sucesso", observou.
A Moore Threads integra um restrito grupo de empresas empenhadas no desenvolvimento de GPU fabricados na China, explicou Rui Ma, fundadora do boletim TechBuzz China, citado pela agência de notícias France Presse.
"É um ator relevante, mas não o mais avançado", afirmou, apontando a Cambricon como concorrente mais forte, cuja valorização em bolsa duplicou este ano.
"Qualquer empresa apresentada como potencial campeã local dos GPU, ou citada na mesma frase que a Nvidia, atrai naturalmente a atenção dos investidores", disse Rui Ma, referindo que a oferta pública inicial fixou a valorização da Moore Threads em 7,6 mil milhões de dólares (6,5 mil milhões de euros).
Ainda assim, especialistas consideram improvável que as empresas chinesas consigam alcançar o nível tecnológico da Nvidia até ao final da década. Entre os desafios estão a conceção de memória de alta largura de banda, o complexo processo de montagem e a modernização de equipamentos de fabrico de elevada precisão.
Neste contexto, os fabricantes chineses estão a concentrar-se sobretudo no mercado interno. Segundo a Bloomberg, a Cambricon prevê triplicar a produção de chips de IA em 2026.
Tal como em Wall Street, "avaliações excessivas podem levar a correções bruscas se os resultados ou os lançamentos de produtos defraudarem as expectativas", advertiu Dilin Wu.
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