Elevador da Glória: Moedas só se demite se for provado “erro político”
Já Marcelo Rebelo de Sousa diz que o escrutínio deve ser feito em eleições. Autárquicas são no dia 12 de outubro.
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O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, declarou neste domingo, em entrevista no Jornal da Noite da SIC sobre o acidente no Elevador da Glória, que só se demite se ficar provado que houve erro politico, ou seja, que teve influência numa possível falta de manutenção do ascensor que provocasse o trágico acidente que provocou 16 mortos e mais de 20 feridos.
O autarca explicou que estes foram dias para estar ao lado das famílias, “porque elas merecem uma resposta” e que essa ferida aberta tem dias de luto, pelo que não tinha ainda falado sobre o assunto. “Essa resposta tem responsabilidade política, terá seguramente responsabilidade técnica e poderia ter também responsabilidade humana. Mas a boa notícia deste primeiro relatório é que não houve erro humano”, disse Carlos Moedas.
“Há responsabilidades políticas. E essas responsabilidades são as de um presidente da câmara, que gere uma câmara, e há uma empresa autónoma da câmara a quem o presidente da câmara tem de dar condições. Se alguém provar que Carlos Moedas não deu as condições a essa empresa [Carris], que o orçamento da empresa diminuiu – que não diminuiu, aumentou em 30% no meu mandato – (…) se alguém provar que essa empresa diminuiu o nível de manutenção (…), então, aí, há responsabilidade política", apontou o autarca.
E reiterou: “Se alguém provar que alguma ação que eu tenha tido, algo que eu tenha feito como presidente da câmara, em relação a esta empresa, levou a que esta empresa não gastasse o suficiente em manutenção, que esta empresa não fizesse aquilo que tinha de fazer, eu demito-me no dia”.
“Responsabilidade política é quando o político sabe e não atua. Alguma coisa chegou ao meu gabinete? Isso não aconteceu. E tenho muito pena. Podia ter tomado decisões", declarou.
Neste domingo, o Presidente da República disse que Carlos Moedas tem responsabilidade política pelo acidente com o Elevador da Glória. “Estar a debater a responsabilidade política e dizer que isso implica demissão quando se está a um mês de eleição é não perceber que o juízo sobre a responsabilidade política em cargos eletivos é dos eleitores”, afirmou Marcelo após as cerimónias fúnebres das vítimas portuguesas.
“Quem está à frente de uma instituição pública responde politicamente pelo que aconteça nessa instituição, mesmo que sem culpa nenhuma”, frisou. A questão, diz, “é saber como se efetiva a responsabilidade”. “A resposta, no caso de um político ser nomeado, é perante o quem o nomeia. A responsabilidade num cargo eletivo é perante os eleitores”, destacou Marcelo.
“Acontece que se está a um mês da oportunidade de os eleitores se manifestarem, olhando para os mandatos e para a posição tomada em situações mais graves”, continuou o Presidente, lembrando também que “temos casos de quem viu [o eleitorado], apesar do que aconteceu ,em circunstâncias mais graves, manter a confiança, e casos em, que tendo acontecido esses eventos, não serem reconduzidos”.
Após a insistência dos jornalistas, o Chefe de Estado repetiu que “não vale a pena discutir responsabilidade política, porque essa há, muito menos demissão a esta distância de eleições”.
Entretanto, os dados preliminares apontam para que o cabo que unia as duas cabinas do elevador da Glória “cedeu no seu ponto de fixação” da carruagem que descarrilou, revelou no sábado o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF).
Segundo a investigação, “o restante cabo” e todo o sistema, como “o volante de inversão e as polias onde este desenvolve o seu trajeto, encontravam-se lubrificadas e sem anomalias aparente”. Negócios
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