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Marcelo afirma que foi surpreendido pela crise política

O Presidente da República afirmou também que quer evitar comentários sobre o passado recente e o futuro próximo da política portuguesa para se manter imparcial no novo ciclo, perante os partidos que vão disputar eleições.

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, Guiné
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, Guiné António Cotrim / Lusa
16 de Novembro de 2023 às 18:44

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta quinta-feira que foi surpreendido pelos acontecimentos de 7 de novembro, quando o primeiro-ministro, António Costa, apresentou a sua demissão por causa de uma investigação judicial.

O chefe de Estado falava aos jornalistas num hotel de Bissau, onde esteve com o primeiro-ministro, António Costa, a participar na celebração oficial dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau.

"Se me perguntassem se, há quantos dias, já nem sei, no dia 06 [de novembro] -- isto é tão rápido e tão intenso -- eu imaginava que estaria onde estou hoje, eu diria que não", declarou o Presidente da República.

"Realmente, as circunstâncias ocorreram e ocorreram à intensidade que puderam testemunhar em direto. É evidente que a minha ideia era que a situação que se vivia no dia 06 se pudesse viver de uma forma mais prolongada no tempo", acrescentou.

O primeiro-ministro apresentou a demissão por causa de uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio que levou o Ministério Público a fazer buscas em vários gabinetes do Governo e a instaurar um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça em que é visado.

Interrogado se não teve nenhum sinal de que isso poderia acontecer, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que não esperava esses acontecimentos: "Quando eu disse que fiquei surpreendido significa, naturalmente, que fiquei surpreendido. Portanto, uma pessoa que fica surpreendida quer dizer que não está à espera que isso aconteça".

Questionado sobre o encontro que teve, no dia 7 de novembro, com a procuradora-geral da República, Lucília Gago, no Palácio de Belém, quem o suscitou e qual foi o intuito dessa audiência, o chefe de Estado respondeu: "O senhor primeiro-ministro já esclareceu que ele pediu para eu pedir o encontro à senhora procuradora-geral da República. Mais do que isso não posso dizer".

Marcelo quer manter-se imparcial do novo ciclo político

O Presidente da República afirmou também que quer evitar comentários sobre o passado recente e o futuro próximo da política portuguesa para se manter imparcial no novo ciclo, perante os partidos que vão disputar eleições.

"Eu não comento nada do que foi dito sobre o passado recente nem nada do que será dito sobre o futuro próximo. Em relação ao passado recente, passou, passou, fechou-se um ciclo da história portuguesa", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, num hotel em Bissau, onde esteve com o primeiro-ministro, a participar na celebração oficial dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau.

Interrogado sobre a sua coabitação com o primeiro-ministro, António Costa, que se encaminha para o fim, respondeu: "Eu não vou pronunciar-me. Tenho decidido não pronunciar-me, por uma questão de isenção, estamos em período pré-pré-eleitoral".

"Tudo o que eu disser -- entrámos num novo ciclo -- vai ser considerado, no novo ciclo, como sendo uma tomada de posição favorável a A, B ou C. E neste novo ciclo o que se pretende do Presidente da República é que seja imparcial perante aqueles que vão disputar eleições, partidos, candidatos à chefia do Governo, tudo isso", justificou.

Marcelo Rebelo de Sousa recusou, por isso, comentar declarações recentes do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, sobre a situação política atual: "O pior que poderia fazer era, por aquilo que digo ou não digo, ser interveniente num debate de alguns meses, que é um debate que terá outros protagonistas, e só eles, partidos e candidatos a primeiro-ministro".

Com o mesmo argumento, não quis revelar a sua opinião sobre se deve haver esclarecimentos da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a investigação judicial que levou o primeiro-ministro a apresentar a sua demissão: "Quando eu digo que não me pronuncio sobre nem aquilo que ocorreu nem aquilo que vai ocorrer ou que está a ocorrer neste momento, é precisamente isso mesmo. Eu acho que seria muito insensato estar a pronunciar-me sobre isso".

Perante a insistência da comunicação social para que comentasse o papel do Ministério Público, o chefe de Estado referiu que essa "é uma questão que tem a ver com o que acabou de ser vivido, o que está a ser vivido e o que irá ser vivido no futuro próximo", reiterando: "Portanto, não me vou pronunciar".

Marcelo Rebelo de Sousa não quis também regressar ao tema do desmentido que fez a Mário Centeno, governador do Palácio de Belém, em Lisboa, negando qualquer convite ou autorização de contacto para que chefiasse um eventual Governo apoiado pela maioria absoluta do PS sem recurso a eleições: "Eu o que tinha a dizer disse e está dito e não tenciono pronunciar-me mais sobre essa matéria".

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