MNE avisa que falhar acordo UE-Mercosul em dezembro é "um falhanço redondo"
Assinado em dezembro de 2024, o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul visa eliminar a maioria das taxas aduaneiras de importação para criar uma das maiores zonas de livre comércio do mundo.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros avisou esta segunda-feira que não ratificar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul a 20 de dezembro será “um falhanço redondo”, sublinhando que o comércio livre é um sinal de crescimento.
"Temos de celebrar uma rede enorme de acordos de comércio livre, e o primeiro tem de ser com o Mercosul. Se ultrapassarmos dezembro sem conseguir o acordo, será um falhanço redondo", afirmou Paulo Rangel durante a sua intervenção no Fórum EuroAméricas, que decorre hoje em Carcavelos, Cascais.
Assinado em dezembro de 2024, o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul (o bloco económico que liga os países da América do Sul desde 1991) visa eliminar a maioria das taxas aduaneiras de importação para criar uma das maiores zonas de livre comércio do mundo.
O acordo tem sido alvo de várias críticas e resistências, sobretudo dos setores agrícolas da Europa -- nomeadamente de Fanca - devido à concorrência e preocupações ambientais.
Apesar disso, o acordo está atualmente em fase de ratificações, tendo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, adiantado no início deste mês que a assinatura deverá acontecer a 20 de dezembro.
Para o ministro português, este deve ser apenas o primeiro de vários acordos económicos entre a Europa e as Américas que, defendeu, devem seguir o exemplo do que foi celebrado com o Canadá.
"As pontes entre a Europa e as Américas têm de ser económicas. A retração dos Estados Unidos [adotada pela administração Trump e que levou à criação ou reforço de tarifas de importação com grande parte do mundo] introduziu um fator de ceticismo quanto ao crescimento no futuro", lembrou Paulo Rangel.
Mas "nós fomos educados com a ideia de que o comércio livre é um sinal de crescimento e há sinais de esperança: o acordo com o Canadá mostra grande sucesso" e deve ser "um modelo para o futuro", defendeu, sublinhando que é preciso criar "uma rede enorme de comércio livre".
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros, o crescimento é essencial para todos os países, nomeadamente os da Europa.
"Se não houver prosperidade, é muito mais fácil atacar as democracias", disse, referindo que além do comércio a aposta deve passar pela tecnologia.
Por isso "para nós, na UE, e para as Américas em geral, não há alternativa. Se o espaço atlântico se quer impor, se quer garantir que o seu modelo de bem-estar social é viável e longevo, tem de apostar já na tecnologia e passar já para a IA [Inteligência Artificial"].
Apesar de reconhecer que a Europa está atrasada no desenvolvimento da IA relativamente aos EUA e à China, Paulo Rangel considera que isso pode transformar-se numa vantagem desde que haja um investimento nas tecnologias mais modernas.
Para exemplificar, o ministro apontou a situação do setor automóvel.
"Hoje toda a gente está obcecada com a mobilidade elétrica. Mas apostar tudo na mobilidade elétrica é um erro. A China, quando viu que não podia competir com a América e a Europa" no campo dos automóveis que usam combustão, "apostou na mobilidade elétrica".
Agora que esse país é líder nessa área, não devemos "correr atrás do prejuízo", considerou.
"Se o fizermos, quando vier o hidrogénio [como combustível], daqui a 15 ou 20 anos, vamos ficar para trás. Devemos ser capaz de antecipar a próxima revolução e ganhar distância e dianteira, defendeu
O Fórum EuroAméricas, evento promovido pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, decorre entre hoje e terça-feira e reúne responsáveis de organizações internacionais, embaixadores e diplomatas, empresários, filantropos e académicos de ambos os continentes.
O encontro tem como tema "Longevidade: Motor de Oportunidades Globais e pretende explorar o que o aumento da esperança média de vida representa para a construção de sistemas de saúde resilientes, a criação de cidades sustentáveis e a promoção de parcerias globais duradouras que permitam democracias e economias que perdurem ao longo de gerações.
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