Metade das pensões mais baixas esteve congelada cinco anos
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Durante um encontro com jornalistas para apresentar as linhas gerais do Orçamento do Estado na área da Segurança Social, Vieira da Silva detalhou a acusação de manipulação estatística que desferiu há poucas semanas ao seu antecessor, Pedro Mota Soares, que durante a última legislatura veio garantindo ter aumentado as pensões a mais de um milhão de pessoas.
A Segurança Social paga actualmente cerca de 940 mil pensões mínimas de velhice e invalidez, às quais acrescem 251 mil de pensões rurais (de 201 euros/mês) e sociais (de 241 euros/mês). Ao longo dos últimos anos, foram aumentadas as rurais e sociais e apenas o primeiro escalão das pensões mínimas (reformas até 262 euros por mês) - 583 mil pensões mais baixas e cerca de 49% do total, na melhor das hipóteses (ver gráfico) e 35% das tecnicamente designadas de pensões mínimas.
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A clarificação estatística não é só relevante para o ajuste de contas com o passado, é-a também para o Governo justificar porque é que seguiu um caminho diferente do seu antecessor, decidindo actualizar em 0,4% todas as pensões até 628,8 euros, sem discriminar positivamente as mínimas.
Chama-se pensão mínima às reformas de pessoas que não chegam a ter direito à pensão completa, por não terem descontado o suficiente. Estas pensões são calculadas pelas regras gerais, mas depois o Estado adiciona-lhe um "complemento social", para que a pensão iguale um determinado patamar mínimo, variável consoante o número de anos de descontos.
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Ora, segundo Vieira da Silva, o Estado paga todos os meses 411 milhões de euros em pensões mínimas, sendo que cerca de 30% deste valor é coberto pelo Orçamento do Estado, através do tal complemento social. Este complemento é atribuído independentemente dos rendimentos do reformado - seja rico, seja pobre, a sua pensão é complementada - uma situação que tem dado azo a propostas para que se imponha uma condição de recursos a estas pensões.
Mas Vieira da Silva não vai tão longe: prefere tratar estes reformados como os demais, e apenas discriminar positivamente aqueles que são pobres, através do complemento solidário para idosos (CSI). Os estudos estão a ser apurados, nomeadamente através do cruzamento de dados com a Fisco, mas os dados conhecidos até ao momento indiciam que só 1/3 das pensões mínimas correspondem a reformados pobres.
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