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Seria aventureiro fazer mudanças relevantes na TSU, considera Vieira da Silva

Em entrevista à Lusa, Vieira da Silva afirmou entender que os empregadores defendam uma descida da Taxa Social Única (TSU) a seu cargo (23,75%), mas assinala que, para diminuir de um lado, será preciso aumentar de outro ou cortar nas prestações sociais.

Vieira da Silva
Vieira da Silva Tiago Sousa Dias
02 de Março de 2025 às 06:02

O antigo ministro do Trabalho de governos PS Vieira da Silva considera que, num contexto de envelhecimento da população e com as tendências do mercado de trabalho, "seria extremamente aventureiro produzir mudanças relevantes na Taxa Social Única".

Em entrevista à Lusa, Vieira da Silva afirmou entender que os empregadores defendam uma descida da Taxa Social Única (TSU) a seu cargo (23,75%), mas assinala que, para diminuir de um lado, será preciso aumentar de outro ou cortar nas prestações sociais.

"A questão que se coloca é sempre a mesma. Estamos nós disponíveis para uma de duas coisas: ou diminuir as prestações sociais, nomeadamente as pensões, ou encontrar fontes alternativas de financiamento radicais?", questiona o antigo governante, sustentando que estas alternativas não são muitas.

Um relatório do Tribunal de Contas divulgado em janeiro refere que a taxa contributiva global do sistema previdencial (conhecida por TSU) não foi ainda revista, apesar de o Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial da Segurança Social, em vigor desde 2010, prever que o seja quinquenalmente com base em estudos atuariais.

No final de janeiro, o Governo criou um grupo de trabalho para apresentar medidas tendentes à reforma da Segurança Social com vista a garantir a sustentabilidade do sistema de Segurança Social, sendo uma das missões deste grupo, proceder "a uma revisão atuarial da Taxa Contributiva Global do Sistema Previdencial".

Anteriormente, a ministra do Trabalho, Maria do Rosário Palma Ramalho, já tinha referido que a TSU não é revista há muito tempo e que deve o ser com maior periodicidade, considerando, contudo, que este é um estudo "complexo" que "exige um estudo atuarial que, tecnicamente, não é fácil de se fazer", mas que tem de ser feito.

Para Vieira da Silva, admitindo que o país não está disponível para cortar as pensões que estão em pagamento ou as pensões futuras, aceitando, por isso, que é necessário concretizar a expectativa [de pagamento da pensão] que foi criada às pessoas, têm de se encontrar recursos para o fazer, sendo que, na sua opinião, "alternativa à Taxa Social Única, a única alternativa", é o imposto. "Bom, quem é que paga os impostos?", assinalou.

"Eu não tenho encontrado respostas suficientemente fortes para mudar radicalmente o sistema que temos. Na generalidade dos países há dois modelos: ou são impostos, ou são contribuições, como nós temos - e que é o que se passa na maior parte dos países da OCDE. Ou, então, são mecanismos privados individuais, em que a pessoa vai retirar ao seu salário uma poupança para ter uma reforma no futuro", considerou.

Relativamente ao facto de o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (a chamada 'almofada' do sistema) ter superado já o valor necessário para fazer face ao pagamento de 24 meses de pensões, o antigo governante entende ser aconselhável que estes dois anos "não sejam considerados um teto", mas antes "um patamar, um chão, a partir do qual se deve reforçar a capacidade de capitalização do sistema, de melhoria da sua almofada financeira".

Neste contexto, referiu que de 2015 a 2024, houve mais de um milhão de novas entradas (novos trabalhadores dependentes) na Segurança Social, o que explica que o sistema tenha registado excedentes "tão significativos" nos últimos anos. Porém, acrescentou, esse aumento do emprego e de contribuintes também "vai criar responsabilidades futuras maiores", o que aumenta, no seu entender a necessidade de reforçar a 'almofada' financeira do sistema.

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