Engenheiros dizem que revisão do CCP é "oportunidade perdida"

A Ordem dos Engenheiros lamenta que o anteprojecto de revisão do Código dos Contratos Públicos mantenha conceitos que resultaram na "promoção implícita de dumping de preços e salários".
Reuters
12 de Outubro de 2016 às 19:07

A Ordem dos Engenheiros (OE) considera que o anteprojecto de revisão do Código dos Contratos Públicos (CCP), que esteve em consulta pública até segunda-feira passada, "fica infelizmente muito aquém das expectativas que os oito anos de conturbada vigência do diploma anterior justificariam".

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Em comunicado, a entidade sublinha que o documento mantém "conceitos e apostas em princípios que demonstradamente resultaram em fracassos e em permissividades lesivas da livre concorrência e na promoção implícita de dumping de preços e de salários".

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No entender da OE, o anteprojecto "mantém o perfil do diploma ainda em vigor, ou seja, continua complexo, muito pouco amigável e explícito, com detalhes, exigências e passos processuais que não são de fácil apreensão e interpretação".

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Por essa razão, avisa que "a manter-se esta proposta iremos certamente perder uma oportunidade para corrigir o que está mal e fazer muito melhor, opção que obviamente compete a quem decide".

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A Ordem apresentou ao Governo um conjunto de propostas, com as quais diz pretender "impedir a proliferação e a permissividade à falta de qualidade e violação sistemática de princípios de justeza na retribuição salarial dos engenheiros por parte das empresas que fornecem serviços de engenharia".

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Para a entidade, o próprio Estado acaba por "apoiar e incentivar", como é o caso da admissibilidade do conceito do PAB [Preços Anormalmente Baixos], e em outros factores que a legislação não acautela e, em alguns casos, até promove".

 

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A OE critica ainda que "entidades e organismos públicos estejam condicionados a celebrar contratos adjudicados com base em critérios discutíveis e por preços que, não raras vezes, roçam a indignidade, porque obrigam a tratamentos e retribuições salariais que levam ao desprestígio da profissão de engenheiro".

 

Entre as sugestões apresentadas pelo bastonário Carlos Mineiro Aires, a Ordem recomenda que o Instituto dos Mercados Públicos, do Imobiliário e da Construção (IMPIC) produza, em prazo razoável e com audição pública, um Manual de Boas Práticas, que tenha em conta as recomendações entretanto produzidas pelo Tribunal de Contas.

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Entre outras propostas, a OE defende a eliminação da possibilidade de serem admitidas e consideradas propostas com preços abaixo do PAB, por desvirtuarem os princípios de equilíbrio e sustentabilidade económica contratual e, até, social.

 

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Considera ainda que "no caso de existência ou imposição de ponderação dos critérios de avaliação das propostas, deverão ser invertidos os habituais pesos da ponderação, passando a prevalecer o peso da proposta técnica, em detrimento da proposta financeira".

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