Juristas angolanos pensam impugnar Isabel dos Santos como presidente da Sonangol
De acordo com uma notícia avançada na tarde desta sexta-feira, 3 de Junho, pelo jornal Público, há um conjunto de juristas que pondera impugnar a escolha da empresária angolana Isabel dos Santos para a presidência do conselho de administração da estatal Sonangol.
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Em declarações ao Público, o advogado David Mendes, pertencente à organização Mãos Livres, esta "foi uma nomeação muito estranha tendo em conta que Isabel é filha do presidente [angolano, José Eduardo dos Santos] e tem muitos interesses no mundo do petróleo e no mundo financeiro". Precisamente dois sectores em que incidem algumas das principais actividades empresariais de Isabel dos Santos.
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Para este advogado, ao assumir a liderança da Sonangol, os interesses pessoais de Isabel dos Santos "entrarão em colisão" com os da petrolífera angolana. "Estando num órgão tão importante como o conselho de administração faria negócio consigo mesma ou facilitaria negócios com o seu próprio grupo. Isso levanta suspeitas"", conclui David Mendes em declarações ao jornal português.
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Este sábado, 4 de Junho, um conjunto de juristas angolanos vai então reunir-se para avaliar a possibilidade de impugnação da escolha do nome de Isabel dos Santos, designadamente aferir se "esta nomeação não viola as normas" previstas pela lei da Probidade Pública, que data de 2010.
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Em causa está o facto de ter sido o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, no âmbito da sua capacidade de nomear os conselhos de administração de empresas públicas, a escolher a sua própria filha. "Se chegarmos à conclusão que o acto do presidente viola a lei entramos numa acção judicial para impugnar esse acto".
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Mesmo considerando que no caso de apresentação de um pedido de impugnação as possibilidades de sucesso do mesmo são escassas, aquele advogado angolano sustenta que "pior é não tentarmos" e acrescenta que nessa eventual situação "vamos ver qual é a reacção dos tribunais". Além da escolha de Isabel dos Santos há também dúvidas sobre o facto de o Fundo Sobernao de Angola ser gerido por José Filomeno dos Santos, filho do presidente angolano.
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Isabel dos Santos foi nomeada presidente da Sonangol esta quinta-feira, uma decisão decorrente de um despacho presidencial assinado pelo próprio José Eduardo dos Santos. Numa nota enviada depois de confirmada a sua nomeação, Isabel dos Santos enviou uma nota às redacções dizendo que "temos, como empresa, que nos comprometer com uma cultura de fazer mais com menos e de nos focarmos na excelência e em resultados. A excelência é a nossa melhor defesa. A excelência é o nosso melhor ataque". "Acredito que esta cultura de excelência permitirá enfrentar com sucesso os grandes desafios que o novo contexto do sector petrolífero coloca à Sonangol e ao País", acrescentou Isabel dos Santos.Analistas citados pelo The Guardian também criticam esta opção. É o caso de Antony Goldman, analista no sector energético e especialista no continente africano, considera que "a Sonangol foi sempre vista como uma das mais efectivas companhia petrolíferas estatais africanas, mas a qualidade da governança da empresa caiu consideravelmente durante a última década devido a questões em que factores políticos desempenharam uma parte". Já Cobus de Hart, analista da NKC African Economic para o mercado angolano, acredita que a escolha de Isabel dos Santos faz parte de "uma manobra política" através da qual o presidente angolano pretende reforçar o seu próprio poder. Anda assim este analista considera que o facto de consultoras internacionais irem assessorar a reforma estratégica da petrolífera é, "no mínimo, um passo na direcção certa".
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