Elétricos sobem na Europa, híbridos lideram e BYD ganha terreno à Tesla

As novas matrículas na UE ficaram estáveis até agosto, mas o mercado muda rápido: elétricos ganham peso, híbridos dominam e marcas chinesas aceleram enquanto a Tesla acumula quedas.
Elétricos sobem na Europa, híbridos lideram e BYD ganha terreno à Tesla
Martin Meissner/AP
João Silva Jesus 12:29

As vendas de automóveis novos na União Europeia mantiveram-se praticamente estáveis no acumulado de janeiro a agosto de 2025, com 7,16 milhões de veículos matriculados, uma ligeira variação de -0,1% face ao mesmo período do ano passado, . Apesar da estagnação global, os números mostram uma transformação clara no tipo de veículos escolhidos pelos consumidores: os híbridos reforçam a liderança, os 100% elétricos continuam a ganhar quota e os motores a combustão tradicional recuam para mínimos históricos.

Em agosto, porém, o mercado europeu ganhou novo fôlego. As matrículas subiram 5,3% em comparação com o mesmo mês de 2024, impulsionadas sobretudo pelo crescimento expressivo das opções eletrificadas. Os carros totalmente elétricos dispararam 30,2% no mês, para mais de 120 mil unidades, enquanto os híbridos subiram 14,1% e os "plug-in" híbridos registaram um avanço de 54,5%, naquele que foi o sexto mês consecutivo de forte aceleração deste segmento. A procura sólida por estas opções contrastou com o recuo persistente dos motores tradicionais: os automóveis a gasolina caíram 16,3% em agosto e os a gasóleo encolheram 17,5%, prolongando a tendência de declínio estrutural dos combustíveis fósseis, de acordo com a ACEA.

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Entre os principais mercados, a Alemanha destacou-se com um crescimento de 45,7% nos veículos elétricos em agosto, enquanto França registou um salto de 29,3% e Espanha apresentou uma das maiores acelerações, com um aumento de 160,8% nas vendas de carros a bateria. Já a Itália também contribuiu, com uma subida de 27,3% neste segmento.

Entre janeiro e agosto, foram matriculados 1,13 milhões de veículos totalmente elétricos, o que corresponde a 15,8% do mercado europeu, uma subida face aos 12,6% registados em igual período do ano anterior. Já os híbridos consolidaram a posição como principal escolha, com 2,48 milhões de unidades e 34,7% de quota, enquanto os "plug-in hybrids" cresceram de forma expressiva, atingindo 8,8% do mercado. Esta tendência reflete o apelo das soluções intermédias, que combinam autonomia e preço acessível com alguma familiaridade para o consumidor, num contexto em que a infraestrutura de carregamento ainda não está plenamente desenvolvida em todos os países da UE.

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O recuo dos motores de combustão é igualmente marcante: as vendas de carros a gasolina caíram quase 20% até agosto, representando 28,1% do mercado, contra 34,9% no ano anterior. No gasóleo, a quebra foi ainda mais acentuada, de 25,7%, reduzindo a quota para apenas 9,4%. França e Alemanha registaram algumas das maiores quedas, confirmando a rapidez com que os consumidores estão a abandonar estas motorizações.

A análise por mercados revela trajetórias distintas. A Alemanha destacou-se como motor do crescimento, com um aumento de 39,2% nas matrículas de elétricos. A Bélgica e os Países Baixos também avançaram de forma sólida, mas a França apresentou uma queda acumulada de 2% nos veículos elétricos a bateria, embora tenha conseguido inverter a tendência em agosto, com uma recuperação de 29,3% nesse mês. No segmento híbrido, França e Espanha lideraram com crescimentos acima de 29%, seguidas pela Alemanha (+10,1%) e Itália (+9,4%).

No mapa dos construtores, o Volkswagen Group continua destacado à frente, com quase dois milhões de veículos matriculados até agosto (+4,1%), o que lhe garante 27,5% do mercado europeu. O Renault Group também reforçou a posição, com 814 mil unidades (+5,8%), tal como a BMW (+6,9%), enquanto a Stellantis perdeu força, ao cair 8,9% para 1,14 milhões de veículos.

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Já no segmento elétrico, os sinais de mudança são mais nítidos. A registou apenas 85,6 mil matrículas na União Europeia nos primeiros oito meses do ano, uma quebra de 42,9% face a 2024 e o que a marca norte-americana ainda não conseguiu inverter. A , em contrapartida, mais que triplicou as vendas: disparou 244% para 67,6 mil veículos no mesmo período. Se a análise se estender a toda a Europa, o contraste ganha ainda mais dimensão: a Tesla soma 133,8 mil unidades (-32,6%), enquanto a BYD alcançou quase 96 mil (+280%), consolidando-se como o principal rival emergente.

O relatório da ACEA volta a deixar claro que a . Os híbridos mantêm-se como a solução preferida para grande parte dos consumidores, por equilibrarem autonomia, custo e disponibilidade, ao passo que os elétricos a bateria crescem de forma consistente mas ainda insuficiente para garantir uma transformação rápida. Ao mesmo tempo, a ascensão das marcas chinesas, sobretudo da BYD, está a redesenhar o panorama competitivo, forçando os fabricantes europeus a acelerar a renovação das suas gamas e estratégias comerciais.

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