Vendas de automóveis elétricos aceleram na Europa. Tesla perde terreno face à BYD
A transição acelera: híbridos lideram com 34,7% das vendas na UE, elétricos sobem para 15,6% e combustão desce para 37,7%
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As vendas de automóveis novos na União Europeia aumentaram 7,4% em julho face ao mesmo mês de 2024, contrariando a ligeira queda acumulada de 0,7% nos primeiros sete meses do ano, de acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pela Associação Europeia de Construtores de Automóveis (ACEA). Os modelos elétricos foram o grande motor da recuperação: em julho, os registos de carros totalmente elétricos cresceram 39,1% em termos homólogos, alcançando uma quota de mercado de 15,6% no acumulado de 2025, acima dos 12,5% registados no ano anterior.
A força da procura está particularmente visível nos maiores mercados da região. Alemanha (+38,4%), Bélgica (+17,6%) e Países Baixos (+6,5%) registaram ganhos expressivos, enquanto França quebrou no acumulado (-4,3%), apesar de ter recuperado em julho com um crescimento mensal de 14,8%. Já os híbridos continuam a liderar, com 34,7% das vendas no bloco europeu, enquanto os automóveis a gasolina e gasóleo somaram apenas 37,7%, recuando quase dez pontos percentuais face a 2024.
O relatório da ACEA mostra também o abrandamento do domínio de alguns construtores. A Volkswagen Group, ainda líder destacado, aumentou as suas matrículas em julho para 262.069 veículos, uma subida de 13,7% e uma quota de 28,7%. O grupo Renault seguiu a mesma tendência, com 96.943 unidades (+9,4%), representando 10,6% do mercado, enquanto a BMW Group cresceu 14,3% para 67.957 veículos (7,4%). Já a Stellantis recuou ligeiramente, com 135.992 unidades (-0,9%), ficando com 14,9% da quota.
Mas a transformação energética traz também uma reconfiguração no mapa competitivo. Segundo a ACEA, a Tesla registou 8.837 novas matrículas na Europa em julho, uma queda de 40% em relação ao ano anterior. Foi o sétimo mês consecutivo de descidas para a marca norte-americana, que enfrenta dificuldades adicionais. Como nota a CNBC, a Tesla sofre não só com a forte concorrência mas também com os efeitos da retórica de Elon Musk e da sua ligação à administração Trump, que têm afetado a perceção da marca no continente.
A nível global, a empresa já tinha dado sinais de enfraquecimento: as receitas da divisão automóvel caíram no segundo trimestre e Musk alertou que a companhia pode enfrentar “alguns trimestres difíceis”. Parte do problema é a falta de renovação da gama: os modelos mais vendidos estão envelhecidos em comparação com rivais, e lançamentos como o Cybertruck ficaram aquém das expectativas. Musk anunciou que a empresa prepara um novo modelo mais acessível, com início de produção previsto para a segunda metade de 2025, na esperança de recuperar dinamismo.
Enquanto isso, a chinesa BYD capitaliza a oportunidade. Em julho, a marca registou 13.503 novas matrículas na Europa, um salto de 225% face ao mesmo mês de 2024. O grupo tem vindo a reforçar a presença no continente com abertura de concessionários, consolidando-se como o principal rival da Tesla. Segundo dados da JATO Dynamics citados pela CNBC, as marcas chinesas já conquistaram mais de 5% do mercado europeu no primeiro semestre, o valor mais elevado de sempre.
Não é apenas a Tesla a sentir esta pressão. A ACEA mostra quedas em julho para outros fabricantes como Stellantis, Hyundai e Toyota, enquanto grupos como Volkswagen, Renault e BMW beneficiaram da recuperação do mercado. O setor europeu enfrenta assim uma dupla transformação: por um lado, a substituição dos motores de combustão, e por outro, a crescente ameaça da concorrência chinesa no espaço elétrico.
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