Volkswagen faz a vontade a Trump e promete "enormes investimentos" nos EUA
A pressão que os EUA têm criado com as tarifas está a obrigar as empresas a reinventarem a sua operação. A Volkswagen, que apresentou uma quebra de mais de 30% nos lucros para 6,7 mil milhões de euros nos seis primeiros meses do ano, vai ceder a Donald Trump e prometeu "enormes investimentos" em território norte-americano.
Sem revelar valores, a aposta anunciada esta sexta-feira surge uma vez que a maior fabricante automóvel da Europa quer chegar a um acordo "à parte" com a Casa Branca, que reduza as tarifas sobre o setor abaixo dos 15%. As taxas alfandegárias cortaram os lucros da empresa em 1,3 mil milhões de euros, já que o grupo está altamente exposto às taxas mais elevadas, bem como as suas marcas Audi e Porsche estão dependentes das exportações da Europa e do México para venda nos EUA.
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O CEO da Volkswagen - e também da Porsche - adiantou que o grupo alemão está a considerar relocalizar a produção da Audi nos EUA e expandir as exportações a partir do país. "Penso que deve ser possível acrescentar um acordo específico a nível empresarial entre os Estados Unidos e as empresas automóveis", afirmou Oliver Blume.
As negociações entre a União Europeia e os EUA têm sido particularmente difíceis e Donald Trump faz questão de relembrar o défice da balança comercial entre os dois blocos. Esta semana, o Financial Times revelou que um acordo comercial entre Bruxelas e Washington estaria para breve e que definiria uma taxa de 15% aplicada aos produtos importados do Velho Continente - mas ainda não se sabe se o setor automóvel estará incluído neste pacto.
A Volkswagen espera também que a taxa sobre as importações de automóveis da UE recue para 15% - está neste momento nos 27,5% -, o que elevaria o seu retorno operacional sobre as vendas para 4,5%, se as taxas contra o México também fossem reduzidas.
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Caso uma descida das tarifas não aconteça, o CEO deixou o alerta: a pressão das elevadas taxas vai continuar a impactar as contas das fabricantes auto em "vários milhares de milhões de euros".
"Pretendemos reduzir as tarifas tanto quanto possível", afirmou Blume, salientando o potencial para um aumento das exportações dos EUA no futuro. Ao contrário da BMW e da Mercedes-Benz, a Volkswagen exporta apenas uma pequena porção da sua produção dos EUA para o México e para o Canadá, enquanto a Audi e a Porsche não têm produção em território norte-americano.
A pressão sobre os custos da Volkswagen, decorrente das tarifas de Trump e da quebra nas vendas (com cada vez maior preferência pelos carros elétricos) está ainda a levar a uma onda de despedimentos na Volkswagen. A empresa diz estar a avançar com um programa de reestruturação histórico que envolve reduzir para metade a sua capacidade de produção na Alemanha e cortar até 35 mil postos de trabalho até 2030.
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"Tendo em conta os novos desafios, temos de aumentar os nossos esforços e acelerar a implementação dos nossos programas de desempenho, bem como continuar a aplicar uma disciplina de custos absoluta", afirmou Arno Antlitz, diretor financeiro.
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