Paredes de Coura vai receber uma das maiores unidades de serigrafia da Europa
O grupo galego Valver vai investir quatro milhões de euros numa nova unidade no parque industrial de Formariz, em Paredes de Coura, para criar “uma das maiores serigrafias da Europa”. O projecto vai criar 50 postos de trabalho num concelho conhecido pela música.
O município de Paredes de Coura vai receber "uma das maiores salas brancas para impressão por serigrafia da Europa", afiança ao Negócios o CEO do grupo galego Valver, Carlos Valcacer. A unidade, que vai abrir "no final de Maio ou no início de Junho", representa um investimento que deverá ascender a quatro milhões de euros quando as obras estiverem terminadas. Com esta empreitada, a empresa cria 50 postos de trabalho, que somam aos quase 70 trabalhadores que trabalham na outra fábrica do grupo, igualmente em Coura, aberta em 2012.
A nova unidade terá no total uma área de 2.500 metros quadrados, com a zona industrial, a tal "sala branca" (na imagem), a ocupar 1.200 metros quadrados. "Parece quase um laboratório", explica o CEO, explicando que a sala terá controlo do ar e da temperatura para poder respeitar as apertadas especificações dos clientes do sector automóvel. "Esta unidade está pensada para produzir peças decorativas, consolas interiores e peças retroiluminadas para os veículos", tanto em plástico como metal, detalha Carlos Valcarce.
Entre os principais clientes da empresa estão o grupo Volkswagen, PSA Peugeot-Citroen, Renault, Nissan e ainda alguns dos principais fornecedores de peças para automóveis, como a Denso ou a Faurecia. A nova unidade começou a ser construída em Outubro do ano passado precisamente para responder ao incremento de procura dos clientes do sector automóvel. Sediada em Vigo, Galiza, a empresa produz ainda para peças para "motociclos, bicicletas e electrodomésticos de marca branca".
As agora duas unidades da Valver estão instaladas no Parque Industrial de Formariz, a freguesias localizada imediatamente antes do centro de Paredes de Coura, onde todos os anos se realiza um dos mais conhecidos festivais de música do país. Ao Negócios, o empresário admite que em Portugal os custos de mão-de-obra ou de terrenos são mais baixos do que em Espanha. Mas não é essa a principal razão para se ter instalado neste concelho. "Os custos não são o que é determinante. O mais importante é a facilidade que existe para uma empresa se instalar, e que haja pouca burocracia", nota.
Ora, "a câmara de Paredes de Coura sempre nos deu todas as facilidades para nos instalarmos", elogia o empresário, exemplificando com o que acontece no seu país natal: "em Espanha só nos dão problemas".
A unidade de Paredes de Coura "tem dado lucro todos os anos" e "a maioria da produção é exportada" para quase todos os países da Europa e também para a América Latina. Além de Paredes de Coura, a Valver está presente em Mos (Galiza, Espanha) e Medellín (Colômbia).
Mais investimentos na calha
Em comunicado, a câmara de Paredes de Coura sublinha que esta unidade de serigrafia será seguida por mais investimento. "Existem outros investimentos já em fase de pré-implantação que brevemente serão públicos, e que acreditamos que são potenciados pela dinâmica do município", antecipa o presidente da Câmara, Vítor Paulo Pereira, eleito pelo PS. Actualmente, estão instaladas em Coura cinco fábricas do maior exportador nacional de calçado, Kyaia, bem como outras empresas ligadas ao sector automóvel.
O autarca insiste, há já muito tempo, na necessidade de melhorar os acessos entre o parque industrial e a auto-estrada A3, numa distância de seis quilómetros. Em entrevista ao Negócios, em Setembro do ano passado, Vítor Paulo Pereira conta que aproveitou a ida de António Costa (ainda antes de ser primeiro-ministro) ao festival de Paredes de Coura para reivindicar a melhoria desses acessos.
"Eu disse-lhe: António, da A3 ao parque industrial temos que ter uma melhor ligação. Todos os empresários sabem disso. Aqui há tempos tivemos que fazer um novo acesso porque uma empresa construiu um barco e foi preciso contratar um topógrafo para ele conseguir passar na estrada, para saber o que era preciso cortar para ele passar. É uma das exigências e é uma questão de compensar os investidores e empresários que fazem investimentos. Ele mostrou-se receptivo", contou então. Resta saber se António Costa se lembra.
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