Banca geriu bem a queda dos juros, mas está "muito presa à economia portuguesa"
Apesar da queda acentuada da margem financeira - resultado da subida das taxas diretoras pelo Banco Central Europeu desde 2022 -, os cinco maiores bancos conseguiram um lucro somado de 3,9 mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. Vitor Viana Lopes, responsável de banca na Deloitte, considera que este resultado não é surpreendente, já que os bancos puderam preparar-se para a queda das margens e conseguiram fazê-lo com sucesso.
"Os bancos estão a ganhar menos por cada euro, mas conseguiram compor seus resultados com mais atividade económica. Essa maior atividade económica vem também de um bom momento da economia portuguesa. O nosso PIB está a crescer, a poupança está a crescer e o crédito está a aumentar", começa por explicar, em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW.
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Viana Lopes considera que os bancos fizeram "muito boa gestão na antecipação do efeito da queda da taxa de juros", e conseguiram "minimizar esse efeito". No entanto, aponta uma falha: "estarmos muito presos à economia portuguesa e temos poucos grupos bancários internacionais". A banca espanhola, exemplifica, "aumentou 7% os seus lucros com exatamente os mesmos fenómenos macroeconómicos que nós estamos a viver".
"O repto mantém-se para o setor bancário. Está a fazer muito bem do ponto de vista de gestão, mas tem este problema de crescer", aponta. A consolidação bancária tem sido incentivada pela União Europeia, mas os diferentes governos - incluindo o português - têm tentado limitá-la.
Quanto ao imposto adicional sobre a banca que o Governo quer propor na primeira metade do ano, Vítor Viana Lopes concorda com o setor, ao considerar "discutível" a criação de uma taxa especificamente para a banca. O responsável da Deloitte lembra que os impostos adotados na Europa tornam o setor menos competitivo, "nomeadamente face ao americano".
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"Se fazemos as empresas europeias com menos rentabilidade, as poupanças europeias vão ser investidas noutros blocos económicos e, portanto, vejo esta medida como mais uma para tirar rentabilidade a setores do bloco europeu", remata.
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