BBVA sobe parada e apresenta proposta 10% superior sobre o Sabadell

BBVA oferece agora uma ação sua por cada 4,8376 ações do Sabadell, o que se traduz numa valorização de 10% da proposta anterior. O presidente executivo do Sabadell, César González-Bueno, reiterou esta segunda-feira que a OPA do BBVA é má.
BBVA sobe parada e apresenta proposta 10% superior sobre o Sabadell
David de Haro / Europa Press / AP
Lusa 22 de Setembro de 2025 às 10:51

O banco BBVA melhorou esta segunda-feira a proposta para a compra de ações do banco Sabadell, ambos espanhóis, no âmbito da Oferta Pública de Aquisição (OPA) hostil que está em curso desde 8 de setembro.

O BBVA oferece agora uma ação sua por cada 4,8376 ações do Sabadell, o que se traduz numa valorização de 10% da proposta anterior, comunicou o BBVA à Comissão Nacional do Mercado de Valores de Espanha (CNMV). Até agora, o banco basco oferecia uma ação nova do BBVA e mais 70 cêntimos por cada 5,5483 ações do catalão Sabadell.

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Como a oferta passa a ser integralmente em ações, os acionistas que tiverem mais valias ficam livres de tributação fiscal em Espanha se a aceitação da OPA superar 50% dos direitos de voto do Sabadell, "dado que a operação seria fiscalmente neutra", destaca ainda o BBVA na comunicação enviada à CNMV.

Levando em conta os valores no fecho dos mercados financeiros na sexta-feira passada, o BBVA oferecia anteriormente uma ação nova do banco (16,41 euros) mais 70 cêntimos, ou seja, 17,11 euros por 5,5483 ações do Sabadell, as quais, no conjunto, somavam 16,81 euros. O acionista do Sabadell conseguiria, assim, um bónus de 1,8%.

Com a nova proposta, o bónus sobe para 11,8%, uma vez que a proposta é uma ação do BBVA (16,41 euros) por 4,8376 ações do Sabadell (14,65 euros), a par da possível isenção fiscal.

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A CNMV tem até três dias para analisar e aprovar a nova proposta do BBVA, o que levará a uma extensão da OPA, por um período equivalente ao que demorar a análise da comissão, segundo a legislação espanhola.

Até agora, a OPA terminava em 7 de outubro, a data até à qual os acionistas do Sabadell poderiam aceitar a proposta do BBVA.

O BBVA tinha até terça-feira, 23 de setembro, para alterar as condições da OPA, o que fez já nesta segunda-feira.

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No comunicado enviado à CNMV, o presidente do BBVA, Carlos Torres, afirma que a nova oferta é "extraordinária, com uma valorização e preços históricos".

Com a nova proposta, o BBVA "avalia cada ação do Banco Sabadell a 3,39 euros, um valor recorde em mais de uma década", destaca o banco basco.

O presidente executivo do Sabadell, César González-Bueno, reiterou esta segunda-feira que a OPA do BBVA é má, apesar da melhoria do preço oferecido, sublinhando que normalmente os bónus alcançam 30%.

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"A oferta é má porque é pior inclusivamente que a original que nos fizeram [em maio de 2024]", disse César González-Bueno, numa entrevista à rádio espanhola Onda Cero.

A OPA hostil do BBVA sobre o Sabadell está em curso desde 8 de setembro e tem como alvo 100% do capital social do Sabadell, composto por 5.023.677.732 de ações.

Em 12 de setembro, o Conselho de Administração do Sabadell rejeitou por unanimidade a OPA e recomendou aos acionistas que não vendam as respetivas ações, sublinhando que o fariam por um valor insuficiente.

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O BBVA lançou a OPA sobre o Sabadell há mais de um ano.

No final de abril, a OPA foi autorizada pelo regulador de mercado espanhol.

Em 24 de junho, numa decisão inédita, o Governo de Espanha levou a OPA a Conselho de Ministros e estabeleceu que só a autoriza se os dois bancos mantiverem durante três anos personalidades jurídicas, patrimónios e gestões separadas.

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O Governo poderá, após três anos, prolongar esta exigência por mais dois.

O executivo justificou a decisão com a necessidade de proteção de princípios de "interesse geral", previstos na legislação espanhola e que disse terem o aval da jurisprudência dos tribunais da União Europeia.

Esses critérios de "interesse geral" estão relacionados, segundo o Governo, com a garantia de financiamento de PME, proteção dos quadros de pessoal dos dois bancos, coesão territorial, objetivos de "política social" (como o acesso à habitação ou a atividade das fundações dos dois bancos) e promoção de investimento em investigação e tecnologia.

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Bruxelas abriu um procedimento de infração contra Espanha por causa da legislação que permitiu ao Governo condicionar a fusão dos dois bancos.

Em 11 de agosto, o BBVA decidiu avançar com a OPA, apesar das condições impostas pelo Governo.

O catalão Sabadell opõe-se à OPA e também o Governo de Espanha e o Governo regional da Catalunha têm manifestado reticências.

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Se avançar, a fusão dos dois bancos criará uma entidade com perto de um bilião de euros em ativos, 135.462 trabalhadores em todo o mundo (dos quais 19.213 do Sabadell) e mais de 7.000 agências.

Seria dos principais bancos europeus e ultrapassaria o CaixaBank (dono do português BPI) em ativos, posicionando-se como o segundo maior banco de Espanha em ativos.

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