CDS apresenta proposta que aperta cerco à Deloitte

Os centristas apresentam hoje sete projectos de lei sobre a supervisão bancária. Num pedem que a CMVM fiscalize os conflitos de interesse nas auditoras. Noutro exigem concursos para os directores do Banco de Portugal.
cecília meireles cds deputada
Miguel Baltazar
Diogo Cavaleiro 09 de Março de 2017 às 12:54

A Deloitte é a histórica auditora da Caixa Geral de Depósitos. A Deloitte é a nova auditora do Banco Comercial Português. São dois bancos que apresentaram e deverão apresentar níveis de imparidade recorde para cobrir crédito que possa vir a não ser devolvido. A Deloitte apresentou, juntamente com a sociedade de advogados Vieira de Almeida e com o ex-partner do Goldman Sachs António Esteves, uma proposta para o veículo do malparado que o Governo pretende promover para limpar o balanço dos bancos. A Deloitte é "um exemplo concreto, que se conhece", daquilo que o CDS quer evitar no mundo das auditoras.

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"Uma empresa, nas vestes de auditora, faz uma auditoria a um banco, analisa o crédito malparado e ordena o registo das imparidades. Essa mesma empresa, nas vestes de consultora, faz consultoria para uma empresa que compra malparado", exemplifica, por outras palavras, a deputada centrista Cecília Meireles ao Negócios.

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Esta é uma questão a evitar para a deputada, razão pela qual o CDS vai apresentar esta quinta-feira 9 de Março, no Parlamento, um projecto de lei em que pede que a supervisora das auditoras, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), possa fiscalizar efectivamente os conflitos de interesse nas auditoras.

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Um outro exemplo, que "não faz sentido", segundo a deputada do CDS, é quando uma empresa tenta contornar as regras do sector, que impedem a renovação eterna de mandatos. Para manter a ligação, uma empresa deixa de ser auditora e passa a consultora da mesma empresa. Os centristas são contra e pedem acção do regulador actualmente liderado por Gabriela Figueiredo Dias.

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Este é um dos sete projectos de lei que a CDS vai revelar no Parlamento, onde estará também o ministro das Finanças Mário Centeno a divulgar as linhas gerais da reformulação da supervisão financeira em Portugal

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--> A CMVM ganha poderes para fiscalizar conflitos de interesse nas auditoras.

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--> Três projectos que recuperam resoluções já aprovadas aquando dos problemas no BES. Visam impedir novos casos de vendas irregulares de produtos financeiros: gestores de conta não podem vender produtos arriscados; não atribuição de remuneração variável pela venda de produtos aos balcões; Conselho Nacional de Supervisores Financeiros passa a ter um secretariado e a presidência é rotativa.

--> Dois projectos de lei que dizem respeito à supervisão do Banco de Portugal: a necessidade de uma supervisão intrusiva, que fiscalize se o modelo de gestão é efectivamente posto em prática, sendo que um exemplo é se os créditos passam, efectivamente, pelos departamentos que os têm de aprovar; que os directores de topo do regulador sejam escolhidos através de procedimentos de concurso (um diploma proposto quando regressa à direcção do departamento de supervisão financeira Luís Costa Ferreira, que saiu em 2014, após a queda do BES, para a PwC).  

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