CGD pondera processar ex-gestores pelo negócio de Vale do Lobo

Todos os administradores da equipa de Santos Ferreira – incluindo o atual governador do Banco de Portugal – que aprovaram o crédito sem debate ou confronto de posições podem ser alvo de ações judiciais do banco público.
Carlos Santos Ferreira
Pedro Simões
Negócios 19 de Julho de 2019 às 09:29

Carlos Santos Ferreira, Maldonado Gonelha, Armando Vara, Francisco Bandeira, Norberto Rosa, Celeste Cardona, Vítor Fernandes, Rodolfo Lavrador e Carlos Costa. Estes são os ex-administradores da Caixa Geral de Depósitos que arriscam enfrentar uma ação judicial do banco público por causa do negócio relativo ao empreendimento turístico Vale do Lobo, que gerou perdas de 228 milhões de euros.

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Segundo escreve o JE esta sexta-feira, 19 de julho, os advogados da Caixa – a instituição contratou a Vieira de Almeida, a Linklaters e a Serra Lopes, Cortes Martins – estão a avaliar ações cíveis contra os gestores da administração liderada por Santos Ferreira, cujo mandato se estendeu entre 2005 e 2008, que "acabaram por aprovar a proposta de crédito sem evidência de debate ou confronto de posições".

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Em causa está um financiamento de 194 milhões de euros ao projeto e a posterior entrada do banco na Wolfpart, a sociedade gestora do empreendimento de luxo algarvio, em que deteve uma participação de 25%. Esta é uma das operações que estão a ser investigadas pela justiça e também foi uma das mais discutidas ao longo da comissão parlamentar de inquérito à gestão do banco estatal, ainda que tenham ficado várias incógnitas por resolver.

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Alexandre Santos, então diretor comercial do banco público, referiu que este dossiê foi preparado exclusivamente por Armando Vara, frisando em abril que as propostas de crédito e os pareceres da direção de risco daquele projeto "estavam a decorrer ao mesmo tempo" por se tratar "de uma operação que tinha na altura sido indicada para ter alguma urgência". Também Celeste Cardona disse no Parlamento que Vara foi "caso único" quanto à liberdade que teve para decidir sozinho dar mais crédito a Vale do Lobo.

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Já o gestor, que está agora preso em Évora, deu outra versão. Afirmou "não ter encaminhado nenhuma proposta de crédito para o diretor de empresas sul", mas sim um documento de um cliente que queria apresentar uma proposta de financiamento à Caixa. Um documento daquela natureza era "indispensável para uma pré-avaliação da Caixa sobre se tinha condições de se envolver nesse negócio", explicou, notando ainda que Vale do Lobo teve luz verde da administração da CGD "sem qualquer objeção".

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Já o antigo presidente executivo do "resort" turístico disse que a ideia de a Caixa se tornar acionista partiu do próprio banco público e surpreendeu até os investidores do empreendimento. "Contactámos os bancos para financiarem a operação. A Caixa manifestou disponibilidade, caso nós aceitássemos várias condições. Primeiro, que existissem garantias reais superiores a 130% do montante do financiamento e, segundo, que aceitássemos que a Caixa fosse acionista de Vale do Lobo", explicou Diogo Gaspar Ferreira aos deputados, em maio.

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