Mário Leite Silva não liga demissão do BFA ao Luanda Leaks
O gestor de Isabel dos Santos pediu a demissão de presidente do Banco de Fomento de Angola no dia posterior à revelação do "Luanda Leaks", mas na carta com data de 20 de janeiro Mário Leite Silva apresentou outra justificação para a renúncia.
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"No final do passado mês de dezembro, o conselho de administração da Unitel entregou formalmente a lista de pessoas a designar para o Conselho de Administração do BFA para o triénio que agora se inicia. Não fazendo parte dessa lista considero ser o momento apropriado para fazer cessar as minhas funções neste órgão, que integro desde a primeira hora em que o acionista Unitel entrou no capital do BFA", refere a carta de demissão de Mário Leite Silva, a que o Negócios teve acesso.
Nesta carta de três páginas, Mário Leite Silva nunca refere as revelações do Luanda Leaks, preferindo antes fazer um balanço dos resultados do BFA. "O banco que encontrei em 2008 é um banco muito diferente do banco que deixo neste início de 2020", refere o gestor.
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Mário Leite Silva arguido em Angola
A demissão foi conhecida esta quinta-feira, 23 de janeiro, um dia depois de as autoridades angolanas terem revelado que Mário Leite Silva é um dos arguidos nas investigações que estão a ser efetuadas aos negócios de Isabel dos Santos.
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Mário Leite Silva é um dos facilitadores portugueses dos negócios de Isabel dos Santos que envolvem esquemas financeiros suspeitos, revelados na investigação jornalística conhecida como 'Luanda Leaks' e que foi publicada a 19 de janeiro.
A carta de demissão tem a data de 20 de janeiro e produz efeitos a partir de 22 de janeiro (esta quarta-feira), de acordo com a informação transmitida aos trabalhadores do BFA e que a Lusa teve acesso.
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Mário Leite Santos assumiu o cargo de presidente do BFA em janeiro de 2017, após a assinatura do acordo de compra de 2% do BFA pela Unitel, tendo sido eleito para o triénio 2017-2019. Tal como lembra a Lusa, o gestor foi também alvo, tal como Isabel dos Santos e o seu marido, Sindika Dokolo, do arresto preventivo de participações em empresas e contas bancárias decidido em dezembro pelo Tribunal Provincial de Luanda.
Há mais portugueses ligados a Isabel dos Santos na administração do banco que passou a ser controlado pela Unitel após esta empresa angolana da filha de José Eduardo dos Santos ter comprado a posição do BPI. Em consequência do negócio, Fernando Ulrich e José Pena do Amaral renunciaram aos cargos de presidente e vogal do conselho de administração do BFA, respetivamente. Entraram Mário Leite Silva, Jorge Brito Pereira (advogado de longa data de Isabel dos Santos e chairman da Nos), bem como António Domingues, ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos.
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Quem gravita à volta de Isabel dos Santos:
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A carta de demissão de Mário Leite Silva:
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(Notícia em atualização)
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