Perguntas e respostas sobre os prejuízos da banca
CGD, BCP e Banif tiveram prejuízos em 2012. As perdas ascenderam a 394,7, 1.219 e 576,4 milhões de euros, respectivamente. Mas estes prejuízos não põem em causa a segurança dos depósitos dos seus clientes. Saiba porquê.
Quais as razões para três dos maiores bancos portugueses terem prejuízos?
CGD e BCP, sendo os dois maiores bancos portugueses, são também os mais expostos à economia portuguesa, que está em recessão. Esta realidade também afecta o Banif que tinha muito negócio no sector do imobiliário, um dos mais afectados pela crise. Neste ambiente económico, há centenas de clientes, particulares e empresas, que deixaram de pagar os seus créditos. O incumprimento dos clientes obriga os bancos a registarem perdas, conhecidas por imparidades, que na CGD aumentaram 22% para mil milhões de euros; no BCP 26,4% para quase 1,7 mil milhões (incluindo 700 milhões para crédito concedido na Grécia); e no Banif 20% para 411 milhões. Por outro lado, a redução do crédito concedido e das taxas de juro fez cair os proveitos nos três bancos.
As perdas da CGD, do BCP e do Banif põem em risco a segurança dos depósitos dos clientes?
Não. Os depósitos dos clientes não estão em risco, antes de mais, porque os prejuízos anuais não afectam a solidez destas instituições. O nível de solvabilidade, que reflecte a capacidade de absorver choques, está em níveis historicamente elevado nas três instituições: é de 11,6% na Caixa, de 12,4% no BCP e de 11,2% no Banif. Estes rácios já incluem o impacto negativo dos prejuízos registados no ano passado.
Estava previsto que CGD, BCP e Banif tivessem prejuízos?
Sim. Os planos de capital e liquidez que os três bancos têm submetido com regularidade trimestral ao Banco de Portugal e à própria troika desde 2011 já previam que CGD, BCP e Banif tivessem prejuízos nesse exercício e em 2012. Aliás, é provável que este ano as três instituições voltem a registar perdas que, previsivelmente, serão significativamente mais baixas do que as anunciadas agora. Os prejuízos verificados no ano passado reflectem uma análise particularmente cuidadosa das carteiras de crédito dos bancos, pelo que algumas das imparidades resultam da antecipação de possíveis perdas a registar nalguns empréstimos. Esta opção penalizou as contas de 2012, mas aliviará os resultados deste exercício.
Por causa dos prejuízos registados em 2012, o Estado vai ter de injectar mais dinheiro na CGD, BCP e Banif?
Não. O apoio que o Estado deu aos três bancos já foi feito com margem suficiente para absorver o impacto negativo dos prejuízos previstos para 2012 e para este ano, sem pôr em causa o cumprimento das exigências de solidez que o Banco de Portugal impõe às instituições financeiras. O supervisor exige que as instituições financeiras tenham um rácio de solidez superior a 10%. Ora CGD, BCP e Banif apresentam um nível de solvabilidade superior a 11%, já depois de considerado o impacto dos prejuízos do ano passado.
As perdas da CGD, do BCP e do Banif impedem estes bancos de devolverem o apoio que receberam do Estado?
Não. Os planos de liquidez e capital da CGD e do BCP, aprovados pelo Banco de Portugal, prevêem que estes bancos comecem a reembolsar o dinheiro que receberam do Estado a partir de 2014, ano em que esperam voltar a ter lucros. Já no caso do Banif, o plano de capitalização prevê que o primeiro reembolso do apoio público, no valor de 150 milhões de euros, aconteça até ao final de Junho, assim que o banco conclua o aumento de capital a realizar com dinheiro de investidores privados.
Mesmo com prejuízos em 2012, as três instituições estão a pagar ao Estado juros pelo apoio estatal.
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