BPF afina máquina para atacar malparado histórico de mil milhões de euros
Instituição liderada por Gonçalo Regalado vai alocar 10% da equipa para dar resposta ao crédito em incumprimento que herdou. Dos mil milhões, metade já é perda assumida pelo Estado.
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O Banco Português de Fomento (BPF) ganhou uma nova vida com a liderança de Gonçalo Regalado, mas tem um histórico pesado. O banco conta com crédito em incumprimento que supera a fasquia dos mil milhões de euros, o que coloca o seu rácio de malparado em quase 25%.
“Há mais de mil milhões de crédito em incumprimento que vem do passado”, salientou o CEO do BPF na apresentação das contas referentes aos primeiros nove meses deste ano. “Parte dos mais de mil milhões de euros utilizou avales do Estado: são 450 milhões. É uma perda do Estado”, notou.
Esta é uma herança pesada que Regalado e a sua equipa querem agora atacar, procurando alinhar os rácios de incumprimento com o dos pares da Europa. O banco tem um rácio de NPE [Non-Performing Exposure] que ascende a 24,1%, contra os 4% do ICO, em Espanha, ou os 0,01% do CDP, de Itália, que é de apenas 0,01% do total do capital.
“É incomparável e impossível esconder um impacto desta dimensão” no balanço do banco, disse Regalado, salientando, no entanto, a menor dimensão da instituição que lidera face aos pares da Europa.
“Temos um rácio NPE que é quase 10 vezes a média da Europa, mas temos um banco que é uma ervilha na comparação com os bancos europeus”, disse Regalado que, contudo, assume o objetivo de resolver o problema.
Neste sentido, e porque o rácio de malparado que tem atualmente não é muito diferente do que a banca comercial tinha há uma década, “estamos a montar uma máquina de recuperação de crédito semelhante à que existe na banca comercial”, com 60 pessoas. É o equivalente a 10% da força de trabalho no banco.
Assim, o BPF vai colocar em operação um novo processo de recuperação de crédito, acompanhado com um novo sistema de informação, que passa por “early warnings” na carteira, avançando logo com um processo de recuperação na eventualidade de incumprimento. Na impossibilidade de recuperação, passa para a via judicial e a recuperação, venda ou "write-off".
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