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Centeno na reta final olha para o futuro: “Próximos dez anos têm de ter ambição”

Naquele que terá sido um dos seus últimos discursos enquanto Governador do Banco de Portugal, Mário Centeno passou revista aos últimos dez anos de evolução do sistema financeiro e apelou a que os próximos dez tenham a mesma ambição.

Mário Centeno
Mário Centeno Bruno Colaço
10:24

O tempo é de despedida do Banco de Portugal (BdP), mas Mário Centeno deixa uma mensagem de olhos postos no futuro.

Numa conferência organizada pelo supervisor nacional para marcar os primeiros dez anos do Mecanismo Único de Resolução (SRM, na sigla inglesa), o ainda Governador passou em revista a última década e deixou um apelo para o futuro:

“Os primeiros dez anos do Mecanismo Único de Resolução mostram aquilo de que a Europa é capaz quando atua em conjunto, com visão e determinação”, afirmou numa intervenção em inglês. “Os próximos dez anos têm de ser guiados pela mesmo ambição”, apelou.

O SRM “foi capaz de preservar a estabilidade financeira e proteger o dinheiro dos contribuintes”, destacou Centeno. “Os bancos na união bancária estão mais capitalizados do que há uma década. Os balanços estão mais fortes e saudáveis. Os rácios de crédito malparado caíram e estão mais capazes de suportar choques mais graves”, disse, virando depois o discurso para uma análise doméstica: “Este progresso é particularmente visível em Portugal. Somos um dos países que passou mais duramente pelos motivos que mostram porque os mecanismos de resolução são tão importantes”.

“O rácio de Core Equity Tier 1 aumentou de 12,4% para 17,9%, o rácio de crédito malparado caiu de 17,9% para 2,3%, a rentabilidade do ativo melhorou de 0,1 para 1,4. Todos os bancos cumprem os requisitos MREL”, recapitulou.

Não podemos pedir estabilidade e avanços e ao mesmo tempo tentar encontrar disrupção e formas que não vão materializar o que a Europa é. Mário Centeno
Governador do Banco de Portugal

O ainda Governador deixou alerta para o futuro: “A estabilidade financeira não pode ser tomada como garantida especialmente nestes tempos de incerteza. A União Bancária é um projeto inacabado”, avisou. Por isso, “Precisamos de avançar e colocar esforços em continuar a União Bancária”, mas “não podemos fazer isso contra nossa própria natureza. Não podemos pedir estabilidade e avanços e ao mesmo tempo tentar encontrar disrupção e formas que não vão materializar o que a Europa é”, atirou.

Num contexto em que parte do debate europeu sobre políticas públicas gravita em torno da ideia de que há supervisão a mais, Centeno avisa que “a Europa é o maior fornecedor de estabilidade do mundo. Isto tem muito a ver com as instituições que celebramos hoje. Não podemos querer ir para outras direções e pensar que não vamos arriscar alguma coisa do que conquistámos. Há coisas que temos de completar mas temos de fazer numa forma europeia. Não podemos ter vergonha de ser europeus, pelo contrário”, atirou, sem justificar.

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