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Fim do acordo desacelera Novo Banco. Lucra 745 milhões e distribui 30%

O fim antecipado do acordo de capital contingente teve um custo de 63 milhões. Lucro compara com 743 milhões em 2023 e é apresentado quando a instituição prepara uma nova fase, com uma dispersão em bolsa ou uma venda direta.

Novo Banco nova sede taguspark
Novo Banco nova sede taguspark Bruno Colaço
06 de Março de 2025 às 07:20

O Novo Banco obteve um lucro de 744,6 milhões de euros em 2024, num aumento residual (0,2%) face ao ano anterior (743 milhões), anunciou a instituição financeira em comunicado. O resultado é, ainda assim, um recorde na história da instituição financeira.

A desaceleração face aos aumentos expressivos nos últimos anos fica a dever-se, em parte, a custos de 62,7 milhões de euros relacionados com o fim antecipado do acordo de capital contingente (CCA, na sigla inglesa). 

No entanto, é esse fim que permite que pela primeira vez o banco anuncie que vai remunerar os acionistas, com um dividendo de 224,6 milhões de euros. "O Conselho de Administração Executivo irá propor à Assembleia Geral de Acionistas, a realizar no dia 21 de março de 2025, a distribuição de um dividendo no montante de 224,6 milhões de euros, refletindo um 'payout' de 60% do resultado do segundo semestre", lê-se no documento. O dividendo proposto representa cerca de 30% do lucro do ano passado.

A rentabilidade do banco em dezembro de 2024 foi de 17,4%. O capital em excesso, acumulado durante os anos em que esteve impedido de distribuir dividendos,  reflete-se em rácios elevados. O "Common Equity Tier 1" (CET 1) atingiu 20,8%.

A margem financeira atingiu 1,18 mil milhões de euros, acima dos 1,14 mil milhões de 2023. A taxa da margem atingiu 2,79%. O encaixe com comissões aumentou de 296,1 milhões para 323 milhões de euros. O produto bancário comercial subiu 4,4% para 1,5 mil milhões de euros.

No lado dos custos, além da despesa de 62,7 milhões de euros relativa ao fim antecipado do CCA, contabiliza-se um crescimento de 4,2% dos custos operacionais para 499,2 milhões de euros, "incluindo 8,6 milhões de 'write-offs' de intangiveis".

As provisões aumentaram 60 milhões de euros, "reflexo da provisão para o processo de transformação, no montante de 57,3 milhões, enquadrada no programa estratégico de inovação e simplificação que o Banco tem em curso".

O volume de depósitos cresceu 5,7% para 29,8 mil milhões de euros. 

A carteira de crédito atingiu 27,9 mil milhões de euros, tendo aumentado 3,6% face a 2023.

O rácio de transformação cresceu de 81,2% em 2023 para 82,9% no final do ano passado.

O crédito malparado ("Non-Performing-Loans", ou NPL) caiu 23,7%, fixando-se em 864 milhões de euros. O rácio de NPL desceu 1,1 pontos percentuais para 3,3%, enquanto o nível de cobertura aumentou de 84,3% para 96,6%. O rácio líquido de NPL caiu assim de 0,7% para 0,1%. 

Em 2024 o Novo Banco pagou 30,5 milhões de euros em impostos (5,8 milhões em 2023) e 32,2 milhões na contribuição sobre o setor bancário.

IPO à vista mas venda direta também é cenário

Ao fim de mais de dez anos de vida – e mais de sete desde que foi vendido ao fundo norte-americano Lone Star - o Novo Banco prepara uma nova fase da sua vida depois de uma restruturação dura que implicou uma redução do número de trabalhadores e balcões, a venda de operações internacionais e a alienação de ativos problemáticos, sobretudo imobiliário e crédito malparado que herdou do antigo Banco Espírito Santo.

O cenário central da instituição financeira é uma Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla inglesa) - a Lone Star admite vender até 30% do capital. Essa operação, a acontecer, será feita na praça de Lisboa. No entanto, a venda direta continua a não estar totalmente afastada. Os CEO das principais instituições financeiras que operam em Portugal nunca colocaram de parte o cenário de compra e recentemente a Caixa Geral de Depósitos admitiu que a operação poderia fazer sentido, mediante condições que não revelou.

Notícia alterada às 07h47 para refletir o "payout" de 30,16% sobre o resultado do ano completo de 2024, em vez dos 60% referidos na versão inicial que reportavam um cálculo do banco que tem por base apenas os resultados do segundo semestre. 

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