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PSD entrega pedido para conhecer devedores da CGD e questiona "de que tem medo" o Governo

O deputado social-democrata sublinhou que "os portugueses tiveram no último ano que fazer um esforço de 4 mil milhões de euros para a recapitalização da Caixa", ou seja, mais de 350 euros por português, grande parte para "tapar imparidades, buracos, gerados por créditos que tiveram problemas de cumprimento".

Leitão Amaro
Leitão Amaro Miguel Baltazar/Negócios
03 de Maio de 2018 às 17:57

O PSD formalizou hoje o pedido para que sejam divulgados os 50 maiores devedores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) desde 2000, questionando de que "tem medo o Governo" para não revelar esta informação.

 

Em conferência de imprensa no parlamento, o vice-presidente da bancada do PSD António Leitão Amaro salientou que esta informação foi pedida pelo PSD pela primeira vez em Outubro de 2016 e nunca teve resposta, apesar de decisões judiciais favoráveis.

 

"A pergunta legítima que os portugueses se colocam e que o PSD também coloca é: o que é que estão a esconder? De que têm medo na divulgação desta informação?", questionou.

 

O deputado social-democrata sublinhou que "os portugueses tiveram no último ano que fazer um esforço de 4 mil milhões de euros para a recapitalização da Caixa", ou seja, mais de 350 euros por português, grande parte para "tapar imparidades, buracos, gerados por créditos que tiveram problemas de cumprimento".

 

"Se há um grupo pequeno e limitado de agentes privados que tiveram um benefício por terem tido créditos em condições vantajosas e muito duvidosas e ainda assim entraram em incumprimento e levaram a problemas na Caixa (...) porque é que os portugueses não têm o direito de saber quem são?", interrogou Leitão Amaro.

 

Além da lista de devedores e dos montantes dos créditos, o PSD quer também saber "quem é que foram do lado do banco público as pessoas que estiveram envolvidas na concessão destes créditos ou na sua reestruturação".

 

Questionado porque é que o PSD limita este pedido à CGD, Leitão Amaro salientou que o presidente do partido, Rui Rio, fez em meados de Abril um desafio "mais amplo" ao Governo, no sentido de que haja transparência em relação a todos os bancos que receberam ajudas públicas.

 

"Mas há um banco particular, que é o banco detido pelos portugueses, em que há uma dupla exigência e justificação de transparência", justificou.

 

Por outro, defendeu, só em relação à Caixa se pode aplicar a norma constitucional que obriga entidades públicas a prestar informações aos deputados.

 

"Se se se mantiver a recusa da divulgação, o PSD admite a possibilidade de fazer uma outra intervenção legislativa", afirmou, acrescentando que na CGD existe também um histórico de informação já pedida e negada.

 

No âmbito da primeira comissão parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa, perante a recusa do banco e do Governo em enviar as informações pedidas houve um recurso, por iniciativa do PSD, ao Tribunal da Relação de Lisboa.

 

No entanto, apesar da decisão judicial favorável, o Governo e a CGD não enviaram a documentação, recorrendo para o Supremo Tribunal de Justiça, e a comissão foi depois encerrada antes da decisão final, por decisão de PS, BE e PCP.

 

Questionado se uma sentença no âmbito de uma comissão de inquérito - com especiais poderes de investigação - pode ser invocada para obrigar à resposta a um requerimento, o deputado do PSD considerou que "a norma constitucional obriga a essa divulgação".

 

"Trata-se de fazer uma responsabilização política no passado e evitar no futuro novas más práticas de créditos", defendeu.

 

No requerimento hoje entregue na Assembleia da República, o PSD pede ao presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos que informe o parlamento relativamente à situação dos 50 maiores devedores do banco público - contabilizados pela posição agregada por devedor, singular ou grupo empresarial, com créditos em que se tenham verificado incumprimento ou reestruturação - desde 2000 até à actualidade.

 

Foi no encerramento do Congresso da JSD, em 15 de Abril, que Rui Rio abordou pela primeira vez este assunto.

 

"Estamos a falar de um escasso número de pessoas que ficou a dever milhões e milhões à Caixa Geral de Depósitos [CGD] e ao Novo Banco [que ficou com os activos e passivos de qualidade do BES - Banco Espírito Santo]. Nalguns casos, serão provavelmente os mesmos de um lado e de outro. Mas, se não temos capacidade para melhorar a qualidade de vida das pessoas e o poder compra dos funcionários públicos, digam, pelo menos, quem são os principais responsáveis por isso ter acontecido", afirmou então Rui Rio.

 

Pelas contas de Rui Rio, a actualização dos salários da função pública poderia representar cerca de 300 milhões de euros de despesa pública adicional, que, "se comparado com aquilo que o Estado deu à banca já na vigência deste Governo socialista, corresponde a uma fatia muito pequenina".

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