Venda de carteiras afunda malparado para 25 mil milhões
Desde o máximo histórico, em junho de 2016, o "stock" de crédito malparado caiu perto de 50%. Uma evolução que se deve às amortizações, mas também à venda de carteiras destes ativos tóxicos.
A tendência de redução do crédito malparado nos bancos portugueses continua. E muito à boleia do Novo Banco, que acelerou, no ano passado, a venda destes ativos tóxicos. Um processo com custos avultados que levou o "stock" de empréstimos em incumprimento a afundar para metade desde o máximo histórico.
O total de crédito nestas condições era de 25,8 mil milhões de euros no ano passado, o que traduz uma redução de 30% em relação aos 37 mil milhões de euros registados no mesmo período do ano anterior, de acordo com os dados do Banco de Portugal sobre o sistema bancário português, publicados esta quarta-feira, 4 de abril.
De um ano para o outro, recuaram 11 mil milhões de euros. E, quando comparado com junho de 2016, quando foi atingido o valor mais elevado de sempre, de perto de 50 mil milhões, o "peso" do crédito malparado caiu mesmo para metade.
Esta evolução, diz o supervisor, ajudou o "rácio de non-performing loans (NPL ou crédito malparado) a manter a tendência decrescente, registando, no final de 2018, um valor abaixo dos 10%". O rácio fixou-se nos 9,4% no ano passado.
A ajudar os bancos a libertarem-se destes ativos tóxicos têm contribuído as amortizações, mas sobretudo as vendas de carteiras de crédito malparado. Este passo tem sido dado por vários bancos, mas foi o Novo Banco que mais se destacou no ano passado, acelerando a "libertação" dos empréstimos em incumprimento.
No final de 2018, tal como o Negócios escreveu, a entidade liderada por António Ramalho pôs em marcha a venda de uma carteira de mil milhões de euros de crédito malparado, denominada Nata 2, que se segue aos 2,15 mil milhões vendidos em dezembro aos americanos da KKR e à LX Partners, dos quais cerca de 400 mil já estavam amortizados no balanço.
Vendas de malparado penalizam rácios de capital
Mas estas vendas têm custos. À conta destes esforços, nos quais se incluem o Nata 1, o banco acabou por registar prejuízos de 1.412 milhões de euros no ano passado. Um resultado que obrigou o Novo Banco a pedir 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução, para o qual todos os bancos contribuem.
Este pedido é feito no sentido de reforçar os rácios de capital, que, no âmbito do processo de "limpeza", afundaram, arrastando consigo o restante setor. "No quarto trimestre de 2018, os rácios de solvabilidade diminuíram ligeiramente, com o rácio de fundos próprios totais e o rácio de fundos próprios principais de nível 1 (CET1) a situarem-se em 15,1% e 13,2%, respetivamente", afirma o Banco de Portugal. "Parte desta evolução deve-se à alteração da empresa-mãe, para efeitos de supervisão prudencial, do grupo a que o Novo Banco pertence (passando a ser LSF Nani Investments)", acrescenta.
O rácio de capital CET1 dos bancos portugueses recuou de 13,9% para 13,2% ao longo do período em análise. 
E, se em alguns casos esses esforços impediram resultados superiores, noutras situações, como do BPI e do Santander Totta, estas operações até contribuíram para os resultados positivos. Isto porque a cobertura das imparidades – ou seja, as provisões que já tinham feito para estes créditos – acabaram por se traduzir em ganhos. Houve, por isso, um efeito positivo na venda ou na recuperação dos créditos que se traduziu numa reversão das imparidades.
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