O "e-commerce" da Península Ibérica deverá terminar o ano a valer 125 mil milhões de euros, impulsionado pelo peso de Espanha e pelos gastos dos consumidores portugueses. A nova edição dos CTT E-Commerce Report dá conta que os consumidores ibéricos continuam apologistas das compras online, e que há cada vez mais. 

Os dados divulgados esta quinta-feira evidenciam que os portugueses e espanhóis continuam a adotar esta modalidade pela autonomia e conforto. "Em Portugal, registou-se em 2024 um crescimento de 2,1% face ao ano anterior, o que eleva para cerca de 5,27 milhões o número de pessoas que compraram pela internet", significando que metade da população portuguesa aderiu às compras digitais, enquanto a evolução "foi ainda mais expressiva" em Espanha: "o total de 'e-buyers' aumentou 6% em 2024, atingindo aproximadamente 27,8 milhões, mais 2,6 milhões do que em 2023".

E o valor médio anual gasto com as compras digitais - também pela força do salário mínimo ser superior - é "significativamente" maior em Espanha. Ainda assim, "o gasto médio do comprador português cresce a um ritmo mais rápido do que no país vizinho", num salto de 6% em relação aos 4% observados na economia vizinha.

Aliado ao valor está ainda o número médio de compras. Em Portugal, os consumidores estão também a comprar em maior quantidade, tendo sido registado um crescimento de 11,2%. Já as compras em Espanha aumentam devido à entrada de novos consumidores e à maior frequência de compras aqueles que já o fazem. 

No seu conjunto, os dados são bastante positivos, consideram os Correios de Portugal. Só no ano passado, o volume transacionado de encomendas online ultrapassou os 110,4 mil milhões de euros em Portugal e Espanha, sendo que este "crescimento contínuo deverá manter-se nos próximos anos", subindo para 125 mil milhões de euros só este ano, representando um aumento de 13,2%.

A geração Z (1997 e 2012) está, na visão dos CTT, "a desempenhar um papel decisivo na aceleração da digitalização do consumo, revelando maior abertura a novas soluções", entre práticas sustentáveis como compras em segunda mão e a adoção de pontos de entrega alternativos, evitando o "last mile" direto.

"Em Portugal e Espanha, mais de metade dos 'e-buyers' espera aumentar a intensidade das compras online em 2025, tendência especialmente marcada entre os consumidores da geração Z. A utilização do canal digital torna-se cada vez mais racional, orientada pela conveniência, pelo preço e pela diversidade da oferta", analisam os CTT. 

Ainda assim, os dois mercados da Península Ibérica são distintos. Em Portugal está a crescer a expectativa de entregas mais rápidas e flexíveis, com os jovens a valorizar entregas no próprio dia e em poucas horas. Ainda assim, prevê-se uma redução da preferência pela entrega ao domicílio, mesmo que esta continue a ser a dominante, sendo acompanhada "pelo aumento da utilização de lockers e de pontos de entrega alternativos". 

Em Espanha, apenas a geração Z continua a valorizar este tipo de serviços, enquanto os restantes consumidores estão a optar pela diversificação dos locais de entrega, nomeadamente cacifos ou lojas parceiras. 

É precisamente nas entregas Out of Home que reside a convicção dos CTT. Os Correios acreditam que estas soluções vão continuar a ganhar mais relevância. "Embora a entrega ao domicílio continue a ser a opção preferida da maioria dos consumidores (68,4%), esta tendência deverá diminuir, à medida que cresce o número de 'e-buyers' que prevê aumentar a utilização de lockers e pontos de entrega alternativos da rede Collectt".

Portugal é então um desses exemplos. A escolha dos cacifos aumentou 5,7 pontos percentuais e são já a terceira modalidade mais escolhida para recolher encomendas. Espanha é mais estável e a preferência de entrega continua distribuída pelas diferentes soluções.