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Roubos no retalho alemão batem recordes. Perdas rondam os cinco mil milhões

O investimento das lojas em medidas de segurança para prevenir roubos organizados fez subir os preços dos produtos em 1,5%. Artigos mais pequenos mas com grande valor são os mais desviados, como álcool, perfumes e lâminas de barbear.

O retalho alemão emprega três milhões de pessoas e gera vendas anuais de 630 mil milhões.
O retalho alemão emprega três milhões de pessoas e gera vendas anuais de 630 mil milhões. AP
29 de Junho de 2025 às 17:00

O "stock" das prateleiras vai desaparecendo, a queixa por infração de roubo é apresentada à polícia, mas as condenações ficam por terra. Na Alemanha, as lojas de retalho têm sido cada vez mais alvos de roubos, sobretudo por parte de grupos criminosos. Aliás, no ano passado, as perdas de inventário dos negócios germânicos subiram 3% para o valor mais elevado alguma vez registado: 4,95 mil milhões de euros. 

O instituto EHI Retail, com sede em Colónia e citado pela Bloomberg, explica que o aumento se deve, em particular, à subida de 5% dos furtos em loja e a um número crescente de grupos criminosos organizados, ligados a cerca de um terço das perdas totais registadas em 2024. Por cada infração, estes grupos desviam produtos no valor de 1.000 euros. 

O aumento das caixas de "self checkout" também terá contribuído para os roubos - daí a que tenha de digitalizar o código de barras para poder sair num supermercado, por exemplo.

E os bens visados têm sempre o mesmo formato: pequenos em tamanho, mas grandes em valor. No topo da lista de produtos preferidos dos ladrões estão álcool e caixas de café nos supermercados, perfumes e lâminas de barbear nas farmácias, produtos eletrónicos como telemóveis e, claro, roupa de marca.

Os negócios alemães fazem o que podem para evitar estas situações, mas os criminosos acabam por passar por despercebidos: 98% dos casos não são detetados, mesmo que os dados da polícia alemã tenham mostrado um declínio no número de casos de roubo em lojas a partir de 2023, indica a Bloomberg.

As lojas de retalho apostam, sobretudo, no reforço em medidas de segurança, como câmaras de vigilância com softwares avançados, mais seguranças - o que tem beneficiado empresas como a Securitas -, detetives internos e expositores que guardam bens à chave. No entanto, esta aposta das lojas reflete-se da pior forma na carteira dos clientes. O relatório, baseado em dados de 98 retalhistas na Alemanha que operam em mais de 17 mil lojas, conclui que os esforços de prevenção e de combate ao roubo fizeram com que os preços aumentassem em cerca de 1,5%.

Esta subida "provocada", aliada à inflação, encareceu os bens de uso diário. “É difícil dizer se as pessoas já não têm dinheiro para comprar determinados artigos ou se se trata, em parte, de uma forma de protesto contra o facto de terem de pagar preços tão elevados”, disse Frank Horst, autor do estudo.

E porque não denunciar? “Muitos retalhistas sentem-se frustrados porque as denúncias à polícia raramente levam a condenações. Por isso, evitam o esforço burocrático envolvido na apresentação de uma queixa criminal”, explicou Stefan Genth, diretor executivo da associação alemã de retalhistas HDE.

Antes, as lojas investem também na formação dos seus funcionários, mas admitem que não há staff qualificado para estar atento a tudo. Encontrar o equilíbrio correto é também um problema. Nos Estados Unidos, trancar os produtos de uso diário teve um efeito contrário: frustrou os clientes, que passaram comprar menos e sobrecarregam os funcionários. Além disso, levou ainda a que mais pessoas preferissem fazer compras online.

Conscientes do riscos, os retalhistas dizem que, por vezes, não há uma solução melhor, "caso contrário, as taxas de perda são demasiado elevadas”, clarificou o autor do estudo.

A Alemanha não é a única a combater este problema. No Reino Unido, os roubos no retalho atingiram perdas recorde de 2,2 mil milhões de libras (2,58 mil milhões de euros).

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