A glória das ditaduras era feita na festa do futebol
Com o futebol, Mussolini criou uma máquina de propaganda. Exaltava-se a unidade da Itália fascista, construíam-se estádios. O ditador investiu como poucos no futebol. Resultado: dois campeonatos do mundo ganhos. Hitler, com Goebbels (ministro da propaganda nazi), seguiu o exemplo do fascismo italiano, sobretudo nas Olimpíadas de Munique. Franco fê-lo também, através do Real Madrid. Na segunda metade do século XX, o modelo deslocou-se para a América Latina, com as vitórias do Brasil e da Argentina em vários campeonatos do mundo.
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As guerras ideológicas do século XX não se fizeram só com armas. Quando em Espanha foi publicado, nos anos 30, o ensaio "A Rebelião das Massas", de José Ortega Y Gasset, o filósofo que criou o conceito de homem-massa ("Já não há protagonistas, só coro"), a Itália de Mussolini preparava-se para fazer do futebol um instrumento de propaganda política e de dominação das massas. O ditador planeava um investimento inédito no desporto. A Itália tinha a pretensão de fazer frente às principais potências futebolísticas da época, como Inglaterra, Áustria, Checoslováquia, Hungria ou mesmo Uruguai, que viria a ser o vencedor do primeiro campeonato do mundo, disputado, em 1930, em Montevidéu. No campo político, por outro lado, o líder fascista italiano obstinou-se em transportar para dentro do terreno um "homem novo", que fosse o contraponto da "cultura burguesa e individualista das democracias liberais".
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