Cash-flows não chegam para liquidar dívida de 350 milhões de Vieira
Auditoria externa pedida pelo Fundo de Resolução à renegociação da dívida da Promovalor, grupo ligado a Luís Filipe Vieira, concluiu que a reestruturação foi a opção que melhor garantiu a defesa do banco, mas ainda há riscos associados.
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As conclusões da auditoria externa pedida pelo Fundo de Resolução à renegociação da dívida da Promovalor, grupo ligado a Luís Filipe Vieira, mostram que a opção da reestruturação e conversão de parte da dívida através do fundo imobiliário gerido pela Capital Criativo foi a que melhor protegeu o banco, face à insolvência ou à execução de garantias. Contudo, permanecem riscos associados a esta opção. Segundo as conclusões da auditoria, a que o Negócios teve acesso, embora a reestruturação permita "uma maior probabilidade de preservar o valor dos ativos", mantém-se o risco de o Novo Banco não recuperar na totalidade a dívida. "Um dos objetivos definidos no acordo de participação é que até 31 de dezembro de 2032 deverão ser liquidadas responsabilidades relativas à dívida financeira não convertida e/ou realizadas distribuições aos participantes do fundo no montante mínimo de 350 milhões de euros", lê-se no documento. Ainda assim, acrescentam as conclusões da auditoria, "os cash-flows acumulados do plano de negócios de referência totalizam 310 milhões de euros no ano 14 e 320 milhões no ano 15, não sendo portanto suficientes para cumprir aquele objetivo". A auditoria adianta também que "as projeções dos planos de negócios de referência sofreram alterações significativas em poucos meses". Além disso, "o conjunto das responsabilidades financeiras identificadas nas due diligences excedem o valor do New Money [financiamento novo concedido pelo banco na reestruturação], o que significa que poderão existir necessidades adicionais de financiamento nos primeiros anos da reestruturação". Apesar das "vulnerabilidades apontadas", a auditora BDO considera que o caminho seguido pela administração de António Ramalho foi o que mais protegeu os ativos associados aos financiamentos. E frisa que "comparativamente com qualquer outra solução de reestruturação" fica claro que "não foram atribuídas vantagens ao devedor" no que toca às condições associadas à dívida reestruturada. A auditora admite que pudessem ter sido negociadas melhores condições de juros, mas lembra que perante "a situação de default e a incapacidade da generalidade dos projetos em gerar cash-flows" qualquer outra solução "teria de passar por reduzir ao máximo o serviço da dívida nos primeiros anos".
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