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Como um "deepfake" custou 25 milhões de dólares à empresa por detrás da Ópera de Sydney

A Arup, empresa de design e engenharia, perdeu cerca de 25 milhões de dólares, depois de um dos seus funcionários ter sido enganado por um "deepfake" do diretor financeiro.

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inteligência artificial Reuters
19 de Maio de 2024 às 17:00

Imagine que é convidado para uma videoconferência, onde o diretor financeiro da empresa em que trabalha lhe pede para fazer múltiplas transferências para certas contas bancárias. O pedido não é incomum, e por isso mesmo um funcionário da Arup, uma multinacional de design e engenharia britânica, responsável pela criação de edifícios emblemáticos como a casa da Ópera de Sydney, acatou a ordem.

O problema é que as pessoas que o colaborador viu do outro lado do ecrã não eram reais – mas sim digitalmente recriadas. Em janeiro, a Arup foi vítima de uma fraude com recurso a tecnologia de Inteligência Artificial (IA), através da criação de um "deepfake" do diretor financeiro da empresa, que levou um dos trabalhadores do seu escritório em Hong Kong a transferir 25 milhões de dólares para diversas contas pertencentes a um grupo de criminosos cibernéticos.

Na altura, a polícia de Hong Kong não tinha revelado a empresa que tinha sido alvo de extorsão, mas sabe-se agora que o alvo foi a Arup, depois de um representante da empresa ter partilhado a informação com vários meios de comunicação social. "A única coisa que podemos confirmar, neste momento, é que foram utilizadas imagens e vozes falsas", contou uma representante ao Financial Times, assegurando que "a estabilidade financeira e as operações da empresa não foram afetadas e nenhum dos sistemas internos ficou comprometido".

De acordo com informações reveladas pela polícia, o trabalhador em questão terá recebido um email por parte do diretor financeiro da Arup a pedir para realizar uma "transferência confidencial", o que o trabalhador terá estranhado. No entanto, após ter entrado numa videoconferência com o aparente diretor financeiro da empresa e um número de colaboradores que reconhecia, o trabalhador terá realizado as transferências pedidas. As investigações continuam, mas até agora ninguém foi detido.

"A frequência destes ataques tem crescido rapidamente em todo o mundo, e todos nós temos a obrigação de estar informados e permanecer em alerta sobre como identificar as técnicas utilizadas por estes burlões", avisou Michael Kwok, presidente regional da empresa, aos seus funcionários, numa nota interna acedida pela CNN. A Arup registou lucros recordes de 2,2 mil milhões de euros em 2023, um aumento de 14% quando comparado com o ano anterior, e emprega cerca de 18 mil pessoas em todo o mundo.

Os "deepfakes" têm preocupado autoridades e empresas em todo o mundo e as consequências tornam-se cada vez mais gravosas. No início de maio, o The Guardian reportou que a maior agência de publicidade do mundo, a WPP, foi alvo de uma tentativa de extorsão com recurso a "deepfakes" por parte de um grupo de criminosos que utilizaram imagens do YouTube e uma ferramenta de clonagem de voz para simular uma reunião da administração. A tentativa não foi bem-sucedida, mas demonstra a facilidade com que estas ferramentas podem ser acedidas - e a sofisticação que, cada vez mais, têm. 

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