Iberdrola, Endesa e Naturgy preparam pedido formal para adiar fecho de Almaraz
As empresas estão a trabalhar no "pedido formal" para enviar ao Ministério da Transição Ecológica de Espanha "quanto antes", disseram fontes oficiais da principal acionista da unidade de Almaraz, citadas por vários meios de comunicação social espanhóis.
As empresas proprietárias da central nuclear espanhola de Almaraz, localizada a 100 quilómetros de Portugal, vão pedir formalmente ao Governo de Espanha para adiar o fecho da unidade e estão já a trabalhar nesse sentido, revelou hoje a Iberdrola.
A Iberdrola (que detém 53% da central), Endesa (36%) e Naturgy (11,3%) estão a trabalhar no "pedido formal" para enviar ao Ministério da Transição Ecológica de Espanha "quanto antes", disseram fontes oficiais da principal acionista da unidade de Almaraz, citadas por vários meios de comunicação social espanhóis.
"A Iberdrola reafirma o seu compromisso com a extensão da vida da central de Almaraz. Tal como têm vindo a fazer publicamente a Endesa e a Naturgy", afirmaram as mesmas fontes.
Os porta-vozes da Iberdrola destacaram que a central nuclear mantém-se "em perfeitas condições técnicas, como reconheceu recentemente a WANO [Associação Mundial de Operadores Nucleares], que lhe outorgou o nível de excelência".
O fecho do primeiro reator de Almaraz está previsto para 2027 e o do segundo para 2028.
A empresa Naturgy defendeu recentemente que a atividade da central nuclear deveria ser prolongada por pelo menos mais dois anos, até 2030.
As empresas proprietárias de centrais nucleares em Espanha acordaram com o Governo de Espanha em 2019 um calendário para o encerramento de todas as unidades até 2035, com a de Almaraz a ser a primeira afetada.
Nos últimos meses, sobretudo após o apagão de finais de abril na Península Ibérica, criou-se a expectativa em Espanha de haver uma alteração nesse calendário, com o Governo espanhol a mostrar disponibilidade para um prolongamento da atividade das centrais nucleares para além do acordado desde que não haja aumento de custos para os consumidores, entre outras condições.
Já as empresas proprietárias das centrais têm pedido novas condições fiscais para a energia nuclear.
As fontes da Iberdrola citadas hoje pelos meios de comunicação social espanhóis sublinharam que a energia nuclear "é fundamental para a segurança de abastecimento, a estabilidade de preços e a descarbonização".
As cinco centrais nucleares em funcionamento em Espanha representam 5% da potência de produção de eletricidade instalada no país e 20% do abastecimento, destacaram as mesmas fontes.
O governo regional da Extremadura (conhecido como Junta da Extremadura), partidário do prolongamento da atividade da central nuclear, propôs recentemente baixar a ecotaxa autonómica que tem de pagar a unidade.
Apesar do anúncio de hoje, a Iberdrola apresentou em 24 de setembro passado um plano estratégico para 2025-2028 em que mantém o cenário do fecho da central nuclear de Almaraz em 2028.
O presidente executivo da empresa (CEO, na sigla em inglês), Pedro Azagra, disse naquele dia que a Iberdrola está "a preparar o protocolo de encerramento" para o módulo 1 de Almaraz, previsto para 2027, e para o módulo 2, previsto para 2028.
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