Laskasas abre em Moscovo e vai ter hotel no Porto
Fabricante de artigos de mobiliário e decoração de Rebordosa atinge recorde de faturação, tendo durante a pandemia contratado mais 145 pessoas, aberto uma loja na capital da Rússia e investido no negócio do imobiliário na cidade Invicta, onde vai construir um Hotel Laskasas. E prepara a entrada em Nova Iorque e em Londres.
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Herdou o apelido de uma bisavó alemã que veio trabalhar para as antigas minas de carvão de São Pedro da Cova, em Gondomar, onde se apaixonou por um mineiro português e por cá ficou. Celso Lascasas fez o 6.º ano de escolaridade e começou a trabalhar com apenas 14 anos, na pequena oficina de mobiliário ao lado da casa onde morou na infância. Passados três anos, tornava-se empresário, em sociedade com um tio, com a abertura de uma loja do ramo, em Ermesinde, às portas do Porto. Aos 33, a solo e quando já tinha quatro pontos de venda da marca Laskasas – "acho que isto de ter substituído o c pelo k foi uma ideia feliz" –, decide abrir a sua primeira unidade fabril própria, em Rebordosa, Paredes. Hoje, aos 47 anos, Celso Lascasas lidera um grupo composto por três unidades industriais – uma de mobiliário, outra de estofos e uma terceira de artigos metálicos (como candeeiros ou ferragens) –, 11 lojas em Portugal e quatro no estrangeiro (em Punta Cana, Marbella, Luanda e Moscovo), com 435 trabalhadores e registando um crescimento fulgurante em tempos de pandemia. "Em 2020, batemos o recorde de faturação, chegando aos 24 milhões de euros, mais três milhões do que em 2019, tendo o grupo beneficiado do ‘stay at home’. As pessoas começaram a passar muito mais tempo em casa e, de uma forma geral, a ser mais exigentes com o conforto e com o design", explicou o empresário ao Negócios. Mais. "Durante a pandemia, abrimos a nossa quarta loja no exterior – um ‘showroom’ com 240 metros quadrados em Moscovo, perto do Kremlin, com um parceiro local, além de mais uma loja em Portugal (em Vilamoura, no mês passado), e contratámos mais 145 pessoas. Aliás, o nosso processo de recrutamento é contínuo", enfatizou Celso Lascasas. O grosso das vendas continua a ser gerado no mercado nacional, mas as exportações, "para mais de 50 países, tendo o Médio Oriente e o Reino Unido como principais mercados", são cada vez mais expressivas, "tendo representado cerca de 28% do total em 2020". Em 2021, "até ao final deste mês, já iremos estar a faturar tanto como em todo o ano passado", prevendo fechar o exercício com receitas de 27 milhões de euros. No retalho, sem perspetivar abrir mais lojas em Portugal, pretende abrir "showrooms" em Nova Iorque e em Londres no próximo ano. "A ideia é replicar no estrangeiro o modelo de expansão que fizemos no nosso país", sintetizou o empresário de Rebordosa. Habitação na Baixa, Hotel Laskasas na Trindade Entretanto, "quando ‘a bomba’ da pandemia eclodiu", Lascasas reativou a imobiliária do grupo, tendo nos últimos meses investido na compra de imóveis na Baixa do Porto para reabilitação, em parceria com um familiar. Com arranque de obras previsto para 2022 e conclusão para 2023/24, tem em carteira um edifício de cinco pisos "situado ao lado Bolhão", para oito apartamentos; outro "junto à Sé", também de cinco pisos, para seis frações residenciais; e ainda um imóvel, "na zona do Carvalhido", para uma dúzia de casas. Num investimento superior a cinco milhões de euros, "os empreendimento vão ter o cunho da marca – não só na decoração, mas também nos acabamentos, A ideia é criar um produto em linha com a marca Laskasas", contou Celso. O empresário também vai expandir o seu grupo para o ramo hoteleiro, tendo adquirido um edifício de quatro pisos, com cerca de 550 metros de área de construção, na zona portuense da Trindade. Num investimento "próximo dos dois milhões de euros", o primeiro Hotel Laskasas, com quatro pisos e "28 a 30 quartos", que o empresário quer que ostente "cinco estrelas, mas que será provavelmente de quatro", deverá "entrar em obra no primeiro trimestre do próximo ano e abrir no final de 2023". Não teme por uma eventual ressaca turística prolongada? "O rio Douro não vai secar nem a ponte Luís I vai desaparecer. O turismo, mais quê menos quê, está aí outra vez", afiançou. Se o negócio correr bem, ambiciona abrir hotéis da marca "nas principais capitais europeias, como Madrid, Paris ou Londres..."
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