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The Body Shop: Anatomia de um colapso

Presente em mais de 65 país, incluindo Portugal, a famosa marca de cométicos não pára de encerrar lojas. Afinal, o que aconteceu à The Body Shop?

The Body Shop
The Body Shop Reuters
14 de Abril de 2024 às 15:00
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Nos Estados Unidos, Alemanha e Bélgica encerrou operações, declarou falência no Canadá e no Luxemburgo, em França entrou em recuperação judicial e no Reino Unido a marca vai fechar quase metade das lojas. Desde fevereiro, quando a Body Shop entrou em insolvência, que a marca de cosmética tem estado virada do avesso. 

Em Portugal ainda é desconhecido o futuro das 28 lojas, mas há já produtos que esgotaram, sem que o stock tenha sido reposto - os funcionários têm informado os clientes que não sabem quando ou se os produtos vão voltar a estar disponíveis. O site português da loja diz estar "em manutenção". "Mas não te preocupes, contamos estar de volta muito em breve", pode ler-se.

Em resposta ao Negócios, a Body Shop diz apenas que, em Portugal, continua a "funcionar normalmente", com as lojas abertas e a "receber os clientes". Sobre a falta de produtos, "esperamos que seja resolvida em breve, uma vez que começarão a receber as respetivas encomendas nas próximas semanas", indica a marca.

Mas, afinal, o que se passa com a The Body Shop, conhecida pelos cosméticos fabricados de forma ética, sem testes em animais?

A empresa britânica foi adquirida em novembro pela alemã Aurelius - o terceiro proprietário em sete anos - por 207 milhões de libras (241 milhões de euros), mas apenas alguns meses após a aquisição, a empresa de "private equity" anunciou o encerramento de dezenas de lojas no Reino Unido, após uma época natalícia menos lucrativa que o esperado. 

Mas os problemas não começaram aqui. A marca, fundada em 1976 pela empresária britânica e ativista ambiental e de direitos humanos Dame Anita Roddick, destacou-se pelos produtos "cruelty free", mas, dizem os analistas, não soube estar à altura da concorrência, num mercado onde as preocupações éticas, sociais e ambientais são cada vez mais comuns. Enquanto há 40 anos a Body Shop estava maioritariamente sozinha e encantava os clientes com os aromas e embalagens atrativas, hoje a concorrência de marcas como a Lush e a Rituals torna a vida mais difícil à britânica.

Nos anos 1980 a marca era extremamente popular - de tal modo que a empresa, que começou por valer 4 mil libras, em 1984 valia 80 milhões de libras na bolsa de Londres, conta a BBC. Esta popularidade estava, pelo menos em parte, relacionada com a identidade conferida por Roddick, algo que perdeu força com a venda da Body Shop ao grupo francês L'Oréal em 2006. Na altura, Dame Anita e o marido encaixaram cerca de 130 milhões de libras com a venda, que prometeram doar - no entanto, a fundadora da Body Shop morreu no ano seguinte, com 65 anos.

A marca acabou por mudar de mãos novamente em 2017, passando para a brasileira Natura por 880 milhões de libras (cerca de mil milhões de euros, ao câmbio atual), mais de quatro vezes o valor que seria pago pelo atual proprietário, a Aurelius, no ano passado (207 milhões de libras ou 241 milhões de euros).

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