"Não consigo entender". Stilwell diz que queda da EDP em bolsa foi "reação exagerada"
O CEO da EDP, Miguel Stilwell d'Andrade, revelou esta quinta-feira que a empresa "está confortável" com a previsão de atingir em 2025 um resultado líquido de 1,2 mil milhões de euros e um EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de cerca de 4,8 mil milhões de euros.
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Para este valor contribuem 1,55 mil milhões de euros provenientes do negócio de redes elétricas, entre 1 e 1,1 mil milhões de euros da Península Ibérica, 200 no Brasil e cerca de 1,9 a 2 mil milhões de euros que virão da EDP Renováveis.
"Estamos a começar bem o ano de 2025, e temos boas perspetivas para o ano", disse o CEO Miguel Stilwell na call com analistas, acrescentando: "Mas tendo em conta a reação do mercado aos resultados de 2024, penso que é melhor dar mais detalhes". O CEO falou numa "reação exagerada".
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Na manhã desta quinta-feira, a EDP Renováveis chegou a perder quase 16% do seu valor em bolsa, o que representa a maior queda intradiária desde junho de 2016 e perdas de quase 1,5 mil milhões de euros em capitalização bolsista. A casa-mãe EDP também chegou a cair 7,60% para 2,95 euros.
"Não consigo entender porque é que está a haver uma reação tão negativa. Não vemos nenhuma justificação fundamental para o que vimos esta manhã", disse Stilwell, quando questionado pelos analistas, apontando para uma eventual falta de clareza sobre os números da empresa.
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Além das perspetivas para este ano, para 2026 a EDP avançou também com novas previsões de resultados financeiros: um EBITDA ligeiramente mais baixo, a rondar os 4,9 a 5 cinco mil milhões de euros (que compara com os 5 a 5,1 da "guidance" anterior) e um resultado líquido entre 1,2 e 1,3 mil milhões.
"É o resultado de uma margem integrada mais elevada na Ibéria, em relação ao que esperávamos inicialmente. Esperamos também que as redes elétricas se mantenham relativamente estáveis, contribuindo para o desempenho global. Estamos a olhar para a redução da construção de nova capacidade eólica e solar e a assumir menores ganhos acumulados provenientes da rotação de ativos em 2025 e 2026", explicou Stilwell.
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Em termos do EBITDA para 2026, este incluirá 1,6 mil milhões de euros provenientes das redes elétricas; 900 a 1.000 milhões da atividade integrada na Península Ibérica; 200 milhões de euros do Brasil e cerca de 2,1 a 2,2 mil milhões de euros provenientes da EDPR, detalhou o CEO.
Na véspera, a EDP anunciou ao mercado que em 2024 atingiu lucros de 891 milhões de euros (-16% do que em 2023). Em termos recorrentes, o resultado líquido da EDP em 2024 aumentou 8% para 1,4 mil milhões de euros: "O forte desempenho da atividade de produção e gestão de energia em mercado e o aumento do contributo da atividade de redes de eletricidade no Brasil, mais do que compensaram a redução do contributo da subsidiária EDP Renováveis", que registou prejuízos de 556 milhões no ano passado.
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Em termos de EBITDA, a elétrica atingiu no ano passado 4,8 mil milhões de euros (menos 4% do que os 5 mil milhões de 2023), dos quais 179 milhões provenientes do eólico e solar, com "menores ganhos com a rotação de ativos" e 1,7 mil milhões no que diz respeito à produção e comercialização de energia no mercado ibérico e Brasi.
EDP vê oportunidade para aumentar 50% o investimento em redes em Portugal e Espanha
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Em termos do negócio de redes de eletricidade, o EBITDA cresceu 7% no ano passado, com um aumento do peso da atividade de redes no resultado líquido da EDP de 43%.
"Há uma perceção por parte de alguns investidores de que as redes elétricas são uma pequena parte do negócio da EDP. Não é esse o caso. O peso das redes continua a aumentar, passando de 29% em 2023 para 43% em 2024", disse o CEO, avançando que em 2026 começa um novo período regulatório, tanto em Portugal como em Espanha, com "oportunidades para aumentar os investimentos em até 50%".
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"Há uma onda de investimento em redes que está a chegar", disse. E a EDP já apresentou a sua proposta de investimento em redes no país à ERSE e ao Governo, mas avisa que "estes investimentos só serão realizados se houver um retorno adequado e as condições de investimento estiverem reunidas".
"Nos próximos meses esperamos ter mais visibilidade sobre os rendimentos regulamentados", disse.
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Também no Brasil, a estratégia da EDP para o país continua a centrar-se nas redes de eletricidade, de transporte e distribuição. "O processo de extensão da concessão de distribuição por mais 30 anos está em curso e a EDP é a primeira empresa a renovar a concessão até 2055", referiu Stilwell.
Em 2024, a EDP Brasil apresentou um resultado líquido recorde de 1,4 mil milhões de euros (+8% do que em 2023). Com a compra da empresa, o objetivo era contribuir com 120 milhões de euros adicionais para os resultados líquidos da EDP, mas "a realidade é que em 2024 esse contributo foi efetivamente muito melhor do que o previsto"
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