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Contestado mega-projeto solar Sophia bate recorde na consulta pública

Mais de 12 mil contributos marcam a consulta pública sobre a central fotovoltaica Sophia. Projeto de 867 MWp tem sido contestado por ambientalistas, políticos e autarquias. Promotor promete plantar 27 mil sobreiros e azinheiras.

parque solar da Lightsource bp
parque solar da Lightsource bp D.R.
20:25

A consulta pública do Estudo Prévio do projeto solar Sophia — uma das maiores centrais fotovoltaicas alguma vez propostas em Portugal — encerrou com mais de 12.000 participações, tornando-se a consulta ambiental mais participada de sempre.

O projeto, promovido pela Lightsource bp, num investimento de cerca de 590 milhões de euros, será implantado numa área vedada superior a 1.700 hectares nos concelhos do Fundão, Penamacor e Idanha-a-Nova, na Beira Baixa. Terá uma potência de 867 megawatt-pico (MWp) que poderá abastecer mais de 370 mil habitações e evitar a emissão de cerca de 24,5 mil toneladas de CO2 por ano.

Mas a contestação ambiental a esta mega central não se fez esperar, com a ZERO a emitir um parecer desfavorável ao projeto por considerar que o Estudo de Impacte Ambiental apresenta “deficiências e omissões graves”. A associação critica a dimensão total da área vedada — 1.734 hectares — e as previsões de desmatação e decapagem de solo em mais de 1.060 hectares, incluindo áreas com elevado risco de erosão e o abate de 21 hectares de carvalho-negral, um habitat de conservação muito elevada.

A associação ambientalista alerta que o projeto está muito próximo da Aldeia de Santa Margarida e confina a Grande Rota das Aldeias Históricas, com possíveis impactos no turismo, biodiversidade e na economia local, avisando que a contestação ao Sophia pode ser o início de uma “bola de neve” capaz de comprometer a aceitação social das renováveis no país.

Também o Município de Idanha-a-Nova, assumiu uma posição firme, declarando que, apesar de reconhecer a importância das energias renováveis, não se revê na instalação de mega centrais fotovoltaicas no território. A autarquia afirma que estes projetos representam uma alteração profunda do uso do solo e podem comprometer ecossistemas, paisagem, atividades económicas e a identidade rural e ambiental que caracteriza o concelho. Num comunicado nas redes sociais, o município sublinha que “não quer abdicar da identidade do concelho nem comprometer o património que o caracteriza”, alertando que as centrais “impedem qualquer utilização dos solos, seja agrícola ou florestal, afetando ecossistemas sensíveis e espécies protegidas”.

No Parlamento, o PAN propôs um aditamento ao Orçamento do Estado para 2026 para suspender imediatamente todos os atos administrativos relativos ao projeto Sophia, alegando potenciais “impactos ambientais, sociais, económicos e territoriais irreversíveis”. A proposta invoca princípios constitucionais de sustentabilidade e precaução e pede a paralisação de licenças, autorizações, pareceres vinculativos e eventuais apoios públicos até que uma avaliação mais rigorosa seja concluída.

Com a consulta pública concluída, o processo segue agora para análise dos contributos e emissão da Declaração de Impacte Ambiental pela Agência Portuguesa do Ambiente, prevista para 2026. Caso seja favorável, seguir-se-á o relatório de conformidade ambiental do projeto de execução (RECAPE) — também sujeita a consulta pública — e posteriormente as aprovações municipais necessárias. A estimativa aponta para início de obra em 2028 e entrada em operação em 2030.

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