EDP aposta em centros de dados e prepara entrada gradual em baterias na Península Ibérica
A elétrica vê na digitalização e no aumento da procura elétrica novas oportunidades de crescimento, mas mantém prudência nos investimentos em armazenamento.
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A EDP está a posicionar-se para aproveitar o crescimento da procura energética associada à expansão dos centros de dados na Europa, nomeadamente em Portugal e Espanha, ao mesmo tempo que avalia o potencial do armazenamento em baterias como complemento à sua capacidade hídrica. A empresa admite, contudo, que o investimento neste último segmento só avançará quando houver condições de mercado e enquadramento regulatório favorável.
Durante a apresentação do plano estratégico 2026-2028, a administração destacou o avanço de projetos emblemáticos em Portugal, como um centro de dados de 1,2 gigawatts, atualmente em construção em seis fases — já na terceira —, e a parceria com a Merlin Properties para fornecer 100 megawatts diretamente a um centro de dados através de linha dedicada. O CEO, Miguel Stilwell, revelou ainda que está a analisar novas oportunidades na área de Madrid, durante a apresentação do novo plano estratégico aos analistas.
Segundo Stilwell, o aumento da capacidade de centros de dados na Europa responde a uma tendência estrutural: “O mundo está a tornar-se mais fragmentado e protecionista; os países querem controlar os seus dados. Há uma perceção crescente de que a Europa não pode ser uma colónia digital dos EUA.” A empresa acredita que o crescimento da infraestrutura digital — alimentada por eletricidade renovável — será um motor adicional da procura nos próximos anos.
No capítulo do armazenamento de energia, a EDP sublinha que o mercado europeu ainda não oferece um modelo económico sólido para projetos de baterias em larga escala. “Não há pagamentos de capacidade em muitos mercados. Esperamos que Espanha introduza esse mecanismo em 2026 e Portugal em 2027”, referiu, acrescentando que, até lá, não investirá apenas com base em arbitragem de preços.
A empresa reconhece, no entanto, que as baterias serão inevitavelmente parte do sistema elétrico ibérico à medida que aumenta a penetração das renováveis. “Temos uma equipa muito confiante de que este mercado vai desenvolver-se, mas não está ainda incorporado no plano”, afirmou um responsável, lembrando que o grupo já participa em ações piloto em Itália e na Polónia, onde os incentivos são mais claros.
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