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Endesa põe Estado português em Tribunal

A Endesa entrou com uma acção de impugnação da decisão do Governo que determinou a devolução por parte da eléctrica de cerca de 20 milhões de euros por via do mecanismo de equilíbrio fiscal.

Nuno Ribeiro da Silva endesa conversa capital
Nuno Ribeiro da Silva endesa conversa capital Bruno Simão/Negócios
18 de Janeiro de 2018 às 11:57

Conforme Nuno Ribeiro da Silva (na foto), presidente da Endesa Portugal, já tinha admitido em entrevista ao Negócios, a eléctrica avançou mesmo para tribunal contra o mecanismo de equilíbrio fiscal, determinado pelo Governo no ano passado e que levaria a empresa a ter de devolver cerca de 20 milhões de euros.

De acordo com um comunicado da Endesa Portugal, a Endesa apresentou uma acção de impugnação do Despacho 9371/2017, de 24 de Outubro de 2017. Isto porque considera que desvirtua "o mecanismo de equilíbrio concorrencial no mercado eléctrico português".

Este mecanismo conhecido por "clawback" tem o objectivo de "garantir um equilíbrio entre as cargas fiscais e parafiscais que recaem sobre os produtores" de electricidade em Portugal e os produtores em Espanha com "influência no preço praticado no Mercado Ibérico de Electricidade (MIBEL)", pode-se ler no comunicado divulgado esta quinta-feira, 18 de Janeiro.

A Endesa entende que o despacho assinado pelo secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, "carece de adequada fundamentação, e ainda, que o efeito retroactivo da nulidade declarada, modificando as regras do mecanismo para o passado, representa uma violação do princípio da Confiança, basilar num Estado de Direito".

O efeito retroactivo da medida fez com que a Endesa e a EDP sejam obrigadas a devolver 90 milhões de euros aos consumidores, valor que abate aos preços da electricidade, com a Endesa a devolver 20 milhões de euros e a EDP a ser obrigada a pagar a maior fatia, 70 milhões.

O secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, decidiu revogar em 2017 a lei do Governo de Passos Coelho que permitiu à EDP è a Endesa passar os custos da tarifa social e da Contribuição Extraordinária sobre o Sector Energético (CESE)  aos consumidores.

O presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, já negou ter passado estes custos para os consumidores, enquanto a EDP ainda não se pronunciou sobre este assunto.

A Endesa, com sede em Espanha mas controlada pela energética italiana Enel, garante que "apresentou atempadamente propostas concretas para mitigar os efeitos negativos" do despacho de 2015 do Governo PSD/CDS, mas que as propostas "não foram, até ao momento, objecto de consideração por parte do Governo português".

"Esgotando-se o prazo legal para defesa dos seus direitos em sede própria, não teve, a Endesa, alternativa senão avançar com este processo", declara a companhia eléctrica.

O Governo ouviu tanto a EDP como a Endesa, durante o mês de Setembro, antes de tomar uma decisão final sobre a legalidade da decisão tomada pelo Governo de Passos Coelho. Ouvidas as eléctricas, Jorge Seguro Sanches acabou mesmo por declarar ilegal o despacho de 2015 e por pedir 90 milhões de euros de volta à EDP e Endesa.

A Endesa diz que decidiu impugnar a decisão de Seguro Sanches por entender que "prejudica os consumnidores, o tecido empresarial e os produtores de energia eléctrica portugueses".

A eléctrica aponta assim que a decisão vai provocar o "aumento das importações de energia eléctrica a custos mais elevados para os consumidores".

Paralelamente, vai também aumentar o custo do gás natural para os consumidores domésticos e industriais porque as centrais eléctricas a gás vão passar a produzir menos, devido ao aumento das importações de Espanha, mas continuam a pagar os encargos do sistema nacional de gás natural.

(Notícia actualizada às 12:13)

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