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Peritos dizem que apagão teve causas nunca antes vistas na Europa

O painel de peritos da ENTSO-E está a analisar a sequência de desconexões de geração e aumentos de tensão como o gatilho mais provável para o apagão.

Os especialistas apontam uma sequência de centrais que se desligaram, seguida por um surto de tensão anómalo.
Os especialistas apontam uma sequência de centrais que se desligaram, seguida por um surto de tensão anómalo. Pascal Rossignol
17 de Julho de 2025 às 07:35

Responsável pela investigação internacional ao apagão de 28 de abril em Portugal e Espanha, a ENTSO-E - rede europeia que coordena os operadores de transporte de eletricidade, incluindo a REN e a Red Eléctrica Española – realizou esta semana a sua quarta reunião de peritos e revelou no seu mais recente relatório que no dia 28 de abril se registou algo nunca visto nas redes elétricas de toda a Europa. 

"O painel está a analisar particularmente a sequência de desconexões de geração e aumentos de tensão como o gatilho mais provável para o apagão. Tais aumentos de tensão em cascata nunca antes foram associados a um apagão em qualquer parte do sistema elétrico europeu. Se for confirmado, este apagão provocado por um aumento de tensão na rede exigirá uma análise e investigação completas por todos os especialistas em sistemas elétricos da comunidade ENTSO-E", refere a rede em comunicado.

Frisando as "dificuldades iniciais" em obter informação junto dos operadores de redes e empresas produtoras de energia em Espanha, a ENTSO-E garante que esse obstáculo foi ultrapassado e que  "todas as partes forneceram dados". Desta forma, e com base nas informações disponíveis até o momento, o painel disponibilizou uma descrição mais detalhada das "oscilações forçadas observadas por volta das 12h05 no sul da Espanha e das medidas tomadas para mitigá-las" e novas informações preliminares relacionadas com as desconexões de geração ocorridas pouco antes do apagão.

Com base nos dados analisados até o momento, os especialistas apontam uma sequência de centrais que se desligaram, seguida por um surto de tensão anómalo em diversas áreas do sul de Espanha como a causa mais provável para o colapso da rede, sendo que um apagão baseado numa dinâmica de alta tensão é algo inédito na Europa e abre uma nova linha de estudo sobre a vulnerabilidade de sistemas elétricos altamente interconectados.

Face a esta natureza excepcional do incidente, os especialitas dizem que será necessário rever minuciosamente os atuais protocolos de controlo de tensão e os mecanismos automáticos de defesa do sistema elétrico .

O painel de peritos está agora a analisar se o aumento da tensão está relacionado com as algumas destas causas possíveis, entre outras: uma redução na absorção de potência reativa por parte dos geradores, o que diminuiu a potência ativa; a mesma redução mas causada pelas linhas de transmissão; ou um aumento de injeção de potência reativa por parte dos sistemas de distribuição.

Essa possível correlação pode ter sido agravada pelo fato de a redução da potência ativa (e, portanto, da absorção de potência reativa) ter ocorrido na parte sul do sistema, resultando numa rota de transmissão com menor carga em direção à França, refere o relatório.

Face a isto, a ENTSO-E propõe o fortalecimento das capacidades de gestão do controlo de tensão entre todos os stakeholders do sistema elétrico, incluindo empresas distribuidoras, transmissoras e geradoras. Por outro, propõe uma revisão dos planos de defesa existentes para avaliar sua eficácia contra eventos de alta tensão que até agora não foram considerados como ameaças.

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