CEO da Navigator critica limitação de matéria-prima por "enviesamento ideológico"
O presidente executivo da The Navigator Company, António Redondo, apontou esta segunda-feira, num seminário online organizado pela Nova SBE dedicado à internacionalização e exportação no pós-pandemia, que a fiscalidade, os custos de energia e a falta de competitividade portuária são alguns dos entraves às empresas, acrescentando no caso da produtora de pasta e papel a limitação de matéria-prima.
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António Redondo, que assumiu a 1 de janeiro passado o cargo de CEO da Navigator, salientou que o grupo – que é o terceiro maior exportador nacional – ocupa o primeiro lugar em termos de valor acrescentado bruto, criticando as políticas que vieram determinar a redução da área de eucalipto no país.
"Somos limitados na matéria-prima", afirmou o responsável, frisando que "o país tem capacidade de produzir mais matéria-prima, mais floresta, mas por um enviesamento ideológico somos obrigados a importar matéria-prima da América Latina e, rapidamente espero, também de África".
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"Havia capacidade de produzir em Portugal, criando condições no interior, mais desertificado e com mais dificuldade económica, de desenvolver matéria prima para esta indústria", defendeu.
António Redondo disse ainda que "a complexidade do sistema fiscal não ajuda as empresas" e criticou os custos da energia, frisando que em Portugal "a indústria paga um custo da energia superior aos concorrentes no estrangeiro". Apontou ainda o dedo aos custos com pessoal, considerando que foi feito "um trabalho de flexibilização da mão de obra , interessante, mas nos últimos anos deixou-se cair esse trabalho". "É necessário voltar a olhar para ele. Encontrar mecanismos de proteção mas não deixando de carregar as empresas com custo com pessoal que não devem ser custos da empresa", acrescentou.
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Frisou também que "sem seguros de crédito não vai haver exportação", lamentando que "sempre que há uma crise as seguradoras procuram retirar coberturas, o que limita a exportação".
Em seu entender, o país deve ainda apostar na inovação, aproveitar a sua localização, tornar os portos nacionais mais competitivos e apostar em indústrias sustentáveis. Para António Redondo, há áreas que o país podia desenvolver: a robótica, a biotecnologia, tudo o que está relacionado com realidade aumentada e realidade virtual, e o "3D print". "Em muitos setores vamos passar da lógica de produzir e distribuir para a lógica de distribuir digitalmente e produzir localmente e o país também pode aí ter uma palavra a dizer", afirmou.
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Na conferência da Nova SBE participaram ainda Paulo Portas, Luís Castro Henriques, presidente da AICEP, e Carlos Moreira da Silva, antigo chairman da BA Glass.
Paulo Portas, professor da Nova SBE, defendeu que o país tem de "recuperar capacidade exportadora", salientando que "alguém tem de por termo à paralisia dos seguros de crédito à exportação".
Luís Castro Henriques, por seu lado, afirmou que se "antes a variável era eficiência, agora há uma variável adicional, que é redundância", para continuar "a assegurar a entrega dos produtos". Como mercados das exportações nacionais, o presidente da AICEP identificou o primeiro foco na Europa, mas também os mercados com que a Europa já estabeleceu acordos de comércio livre, que estão a baixar barreiras tarifárias, apontando o Canadá, México, Coreia, Japão ou Vietname.
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Carlos Moreira da Silva frisou a necessidade de as empresas terem balanços fortes, defendendo que haja incentivos para isso, mas também o fim do IRC.
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