ASML responde a apelos de Modi e vira-se para a Índia para expandir negócio
"O mundo está pronto para construir o futuro dos semicondutores com a Índia". As palavras do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, espelham a missão do país para os próximos anos – reduzir a dependência estrangeira e tornar-se um gigante na produção de "chips" a nível mundial, ao nível dos EUA e da China. Mas até lá a Índia pretende dar pequenos passos, ao introduzir semicondutores "simples" no mercado global ainda este ano – e a europeia ASML pode ser a primeira grande aliada.
Na edição deste ano da cimeira Semicon India, Christophe Fouquet, CEO da empresa neerlandesa, revelou que a tecnológica quer aprofundar a colaboração com empresas indianas no próximo ano, apesar de não ter dado grandes detalhes dos planos em cima da mesa. "Estamos empenhados em apoiar a ambição da Índia, seja através da colaboração, da troca de conhecimentos ou de talento", afirmou o diretor executivo da ASML, que acredita que as "soluções avançadas de litografia [da empresa] podem ajudar as fábricas indianas a alcançarem um desempenho de ponta".
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Apesar de a ASML ter sido a única das grandes fabricantes de "chips" a responder, até agora, aos apelos de Modi, a Bloomberg noticiou na segunda-feira que a OpenAI, dona do ChatGPT, está à procura de parceiros na Índia para a construção de uma "data center" com, pelo menos, 1 gigawatt (GW) de capacidade. A Índia tem captado a atenção de várias empresas e investidores nos últimos anos, numa altura em que a economia do país tem conquistado tração no panorama global, tendo crescido 7,8% só no primeiro trimestre do ano.
A entrada da empresa neerlandesa no mercado indiano também pode servir como uma forma de contornar as restrições impostas pelos EUA à venda de "chips" para a China. Na apresentação dos resultados relativos ao segundo trimestre do ano, a tecnológica mostrou algumas reservas em relação ao crescimento estimado para 2026, citando o que diz ser "uma crescente incerteza – em grande parte devido a fatores macroeconómicos e geopolíticos". Entre os mesmos, o CEO da empresa destacou a guerra comercial entre a administração Trump e os seus parceiros.
Mesmo com restrições à exportação de semicondutores de alta tecnologia, a China é o segundo maior mercado da ASML só atrás de Taiwan, tendo representado 27% das vendas da tecnológica entre abril e junho. A Coreia do Sul, os EUA e o Japão foram os restantes grandes mercados.
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Neste momento, as ações da ASML estão a recuar 3,46% para 614,10 euros, apesar de os analistas do Bank of America terem reiterado a recomendação de "compra" das ações da tecnológica, mantendo o preço-alvo nos 724 euros.
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