OpenAI avança com chip próprio em parceria com a Broadcom para 2026
A OpenAI prepara-se para dar um passo decisivo na estratégia de independência tecnológica ao lançar, em 2026, o seu primeiro chip de inteligência artificial, desenvolvido em conjunto com a norte-americana Broadcom. A informação foi avançada pelo Financial Times, que cita fontes próximas do processo. O projeto, que está a ser conduzido em sigilo, não prevê a comercialização do chip no curto prazo, já que este será utilizado exclusivamente para as operações internas da empresa.
A decisão surge num contexto de forte pressão sobre a infraestrutura de hardware que sustenta os modelos de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT. A procura crescente por capacidade de processamento tem levado empresas como a OpenAI a procurar alternativas ao domínio da Nvidia no fornecimento de unidades de processamento especializadas, que continuam a ser escassas e dispendiosas. Em fevereiro, já se sabia que a OpenAI estava a ultimar o design do seu primeiro chip interno, com planos de enviá-lo à Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC) para fabrico, recorda a agência, sublinhando que a empresa também recorre a chips da AMD para diversificar a sua base de fornecimento.
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O movimento aproxima a OpenAI de outros gigantes tecnológicos como Google, Amazon e Meta, que já desenvolvem os seus próprios semicondutores para dar resposta à escalada das necessidades de computação em IA. Segundo a Bloomberg, esta tendência traduz-se não apenas numa tentativa de reduzir custos, mas também de ganhar maior controlo sobre o desempenho e a eficiência energética das infraestruturas críticas.
Do lado da Broadcom, a parceria representa um reforço do seu posicionamento no setor. O presidente executivo, Hock Tan, afirmou recentemente que a empresa garantiu mais de 10 mil milhões de dólares em encomendas de infraestrutura de IA provenientes de um novo cliente, sem revelar o nome. De acordo com a Reuters, este cliente será muito provavelmente a OpenAI. Tan acrescentou ainda que a Broadcom espera um crescimento significativo da receita ligada à inteligência artificial em 2026, ano em que arrancará a produção do novo chip.
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A reação dos investidores não se fez esperar: as ações da Broadcom dispararam 7% antes da abertura (pre-market) do Nasdaq desta sexta-feira, impulsionadas pela perspetiva de forte crescimento das receitas ligadas à inteligência artificial e pela garantia do CEO Hock Tan de que permanecerá no cargo por mais cinco anos, de acordo com a Reuters. A empresa, avaliada em mais de um bilião de dólares desde dezembro, já ganhou cerca de 32% em valor bolsista desde o início do ano, refletindo o entusiasmo dos mercados com a sua estratégia de semicondutores personalizados. Analistas do J.P. Morgan classificaram o novo contrato como um “ponto de viragem” para as receitas de IA da Broadcom a partir de 2026.
O plano da OpenAI insere-se numa estratégia mais ampla de diversificação e de fortalecimento da autonomia tecnológica, depois de, no último ano, ter estudado múltiplas opções para reduzir a dependência da Nvidia. “A empresa tinha considerado vários caminhos para assegurar o fornecimento estável de chips e, ao mesmo tempo, controlar os custos crescentes”, sublinha a Reuters, lembrando que a corrida por poder computacional tornou-se um dos principais obstáculos à expansão dos serviços de IA.
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Embora o lançamento do chip represente um marco estratégico, o processo está longe de ser simples. O desenvolvimento de semicondutores próprios exige elevados investimentos, tempo e especialização técnica, o que aumenta os riscos de atrasos ou de falhas no fabrico. Ainda assim, o projeto com a Broadcom poderá garantir à OpenAI uma posição mais sólida no ecossistema da inteligência artificial, reduzindo a vulnerabilidade perante os constrangimentos de fornecimento que têm afetado todo o setor.
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